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Preso por negociar dossiê diz que dinheiro veio do PT
Partido e revista pagariam por supostas evidências contra Serra, afirma advogado
Gedimar Pereira Passos não revelou à Polícia Federal nome de petista de quem
teria recebido parte dos recursos com que foi detido
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ (MT)
O advogado Gedimar Pereira
Passos -preso anteontem em
São Paulo, onde receberia um
dossiê contra José Serra, candidato do PSDB ao governo do
Estado- disse à Polícia Federal
que recebeu de um representante do PT o dinheiro para
comprar os documentos. Ele
disse não saber o nome do petista, mas o descreveu à PF.
Outra parte do dinheiro veio,
segundo Passos, de uma revista
cujo nome também não revelou, e que pagaria pelo acesso
ao dossiê para publicar uma reportagem com exclusividade.
O dossiê -uma fita de vídeo,
um DVD e seis fotos- foi elaborado pelo empresário Luiz Antonio Trevisan Vedoin, apontado como chefe da máfia dos
sanguessugas. A função de Passos na operação, segundo disse
ele à PF, seria a de conferir a
"autenticidade" do material.
Por conta da negociação, Vedoin foi preso anteontem. A
Justiça Federal o acusou de
ocultar provas e chantagear
pessoas envolvidas com a máfia
dos sanguessugas.
O dossiê mostra Serra em
2001, então ministro da Saúde,
participando da entrega de 41
ambulâncias em Cuiabá (leia
texto na pág. A6). Esses veículos, pagos com verbas federais,
foram vendidos a municípios
pela máfia dos sanguessugas,
que costumava superfaturar as
unidades (veja quadro).
Há ainda fotos, sem data, em
que o candidato a presidente
pelo PSDB, Geraldo Alckmin,
aparece cumprimentando uma
pessoa identificada pela PF como Sinomar Martins Camargo,
representante da empresa Santa Maria, que pertencia aos sanguessugas e fornecia ambulâncias. Assessores de Alckmin
afirmaram que as imagens são
do 48º Congresso Estadual dos
Municípios, em 2004.
Trevisan portava também,
em uma pasta azul, uma lista
com 12 prefeituras. Ao lado de
cada uma foram listados valores de R$ 64 mil a R$ 66 mil.
Com Passos foram apreendidos, segundo a PF, US$ 139 mil
e R$ 410 mil em dinheiro. O
empresário Valdebran Padilha
da Silva, filiado ao PT de Mato
Grosso, também foi preso. Ele,
que seria o outro comprador do
dossiê, estava com US$ 109 mil
e mais R$ 758 mil. A polícia não
autorizou a divulgação de imagens do dinheiro.
Ontem a PF deteve pela segunda vez Paulo Roberto Trevisan, tio de Vedoin, após a Justiça decretar sua prisão. Anteontem, a PF havia dito que ele era
primo de Vedoin. Trevisan, encarregado de levar o dossiê a
São Paulo, foi detido pela primeira vez quando embarcaria
de Cuiabá para a capital paulista, na quinta-feira à noite, e liberado depois. Ele seria recebido por Valdebran e Passos no
aeroporto de Congonhas, em
São Paulo.
Inicialmente, segundo Passos, Vedoin teria pedido R$ 20
milhões pelo dossiê. O preço foi
então reduzido a R$ 2 milhões,
de acordo com o depoimento.
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