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Estilistas dão dicas a candidatos para turbinar imagem e alavancar votos
Heloísa Helena é a campeã em necessidade de retoques, dizem especialistas
DÉBORA YURI
DA REPORTAGEM LOCAL
Corrigir e melhorar o visual
dos três principais presidenciáveis: este foi o desafio proposto
a seis profissionais ligados à
moda. Os estilistas Ronaldo
Fraga e Jum Nakao e o editor
de moda da Folha, Alcino Leite
Neto, bancaram os conselheiros fashion de Luiz Inácio Lula
da Silva (PT), Geraldo Alckmin
(PSDB) e Heloísa Helena
(PSOL). Já Renato Kherlakian,
Mario Queiroz e Rita Wainer
desenharam croquis, repaginando os candidatos.
"Nesta eleição, o bem vestido
está errado. Lula e Alckmin são
artificialmente bem vestidos",
diz Fraga. "Mas o Collor se vestia super bem, entrou na Presidência com um cabelo bom e
olha o estrago que fez. Quero
dizer que imagem não é tudo."
Seguindo a linha do reality
show "Queer Eye for the
Straight Guy", em que homossexuais repaginam um heterossexual para que ele se dê bem
com as mulheres, o povo da
moda montou kits para turbinar políticos e alavancar votos.
A campeã no quesito necessidade de retoque é a candidata
do PSOL, vulgo "coração valente". "Heloísa Helena é um aglomerado de mal-entendidos no
vestir, dos pés à cabeça. Precisa
de uma repaginação completa",
diz Alcino Leite Neto.
"O cabelo dela pede um
pouco de hidratação. Parece ser mal-tratado", avalia Jum Nakao, que defende suas polêmicas
blusinhas brancas.
Para Fraga, Heloísa
deveria abandonar o "estilo beata-salu". "Um
bom marqueteiro faria
isso: a vestiria de rosa
com vermelho e laranja.
Cores femininas, mas fortes. E
cortaria aquele cabelo dela,
bem curto, repicado, pra virar
ela do avesso. Ela daria um salto nas pesquisas." Em seu "kit
nova HH", saias e vestidos soltos "sem manguinhas fofas" e
os clássicos óculos de sol "à la
Jackie O." -a ex-primeira-dama americana Jacqueline Kennedy Onassis.
Alcino vestiria Heloísa com
jeans com cortes atuais. "Sugiro também que ela abandone
as blusinhas brancas de golas
esquisitas e mostre mais os
ombros, as pernas e a coloração
bonita de sua pele. Ela poderia
trocar sua coleção de calçados,
evitando, além disso, para sempre, o uso de meias brancas. E
seus óculos são um tanto masculinizados."
Alckmin é outro que merece
uma bela repaginada. "Ele tem
o estilo "executivo da Fiesp':
ternos bem cortados, cinza-gelo, grafite. São as cores do personagem dele, "vou aonde a onda me levar'", diz Fraga. "Eu falaria pra ele: "Pare de cerrar os
lábios! Põe uma camisa verde-água, rosa-bebê, azul clarinho!"
"A imagem dele é nula. A
pretexto de fazê-lo jovial, seus
marqueteiros transformaram-no num sujeito sem personalidade", diz Alcino. "Os óculos de
aro de metal leves deixam seu
rosto sem vibração nem relevo,
ainda mais que ele é careca. Eu
os trocaria por de armação escura de acetato, estilo Jânio
Quadros ou Carlos Lacerda,
mas mais contemporâneos."
Lula é o que menos exige
mudanças no visual. "Ele está
mais bonitinho, pôs botox,
consertou os dentes", diz Fraga, que define o estilo atual do
presidente como "vamos agradar aos banqueiros". "É o estilo
Safra barra Ivo Rosset. Mas ele
tenta acender uma vela a Deus
e uma ao Diabo. Não dá certo."
Fraga sugere camisetas de
malha, blusas de algodão, jeans
de estilistas novos. E jamais
usar vermelho: "Chega dessa
coisa de estrela vermelha plantada no Planalto". "O vermelho
não está num bom momento",
concorda Jum Nakao, que vestiria o presidente com mais informalidade: cores claras, tom
pastel, camisas de manga curta,
camisa e paletó sem gravata.
Para Alcino, Lula está mais
bem vestido, mas abusa das cores escuras. "Na primavera, iria
nas claras. Faria uma paleta de
cores para os ternos e as camisas que tirasse a impressão de
que ele está sempre com a mesma roupa."
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