São Paulo, domingo, 17 de setembro de 2006

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Estilistas dão dicas a candidatos para turbinar imagem e alavancar votos

Heloísa Helena é a campeã em necessidade de retoques, dizem especialistas

DÉBORA YURI
DA REPORTAGEM LOCAL

Corrigir e melhorar o visual dos três principais presidenciáveis: este foi o desafio proposto a seis profissionais ligados à moda. Os estilistas Ronaldo Fraga e Jum Nakao e o editor de moda da Folha, Alcino Leite Neto, bancaram os conselheiros fashion de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Heloísa Helena (PSOL). Já Renato Kherlakian, Mario Queiroz e Rita Wainer desenharam croquis, repaginando os candidatos.
"Nesta eleição, o bem vestido está errado. Lula e Alckmin são artificialmente bem vestidos", diz Fraga. "Mas o Collor se vestia super bem, entrou na Presidência com um cabelo bom e olha o estrago que fez. Quero dizer que imagem não é tudo."
Seguindo a linha do reality show "Queer Eye for the Straight Guy", em que homossexuais repaginam um heterossexual para que ele se dê bem com as mulheres, o povo da moda montou kits para turbinar políticos e alavancar votos.
A campeã no quesito necessidade de retoque é a candidata do PSOL, vulgo "coração valente". "Heloísa Helena é um aglomerado de mal-entendidos no vestir, dos pés à cabeça. Precisa de uma repaginação completa", diz Alcino Leite Neto.
"O cabelo dela pede um pouco de hidratação. Parece ser mal-tratado", avalia Jum Nakao, que defende suas polêmicas blusinhas brancas.
Para Fraga, Heloísa deveria abandonar o "estilo beata-salu". "Um bom marqueteiro faria isso: a vestiria de rosa com vermelho e laranja. Cores femininas, mas fortes. E cortaria aquele cabelo dela, bem curto, repicado, pra virar ela do avesso. Ela daria um salto nas pesquisas." Em seu "kit nova HH", saias e vestidos soltos "sem manguinhas fofas" e os clássicos óculos de sol "à la Jackie O." -a ex-primeira-dama americana Jacqueline Kennedy Onassis.
Alcino vestiria Heloísa com jeans com cortes atuais. "Sugiro também que ela abandone as blusinhas brancas de golas esquisitas e mostre mais os ombros, as pernas e a coloração bonita de sua pele. Ela poderia trocar sua coleção de calçados, evitando, além disso, para sempre, o uso de meias brancas. E seus óculos são um tanto masculinizados."
Alckmin é outro que merece uma bela repaginada. "Ele tem o estilo "executivo da Fiesp': ternos bem cortados, cinza-gelo, grafite. São as cores do personagem dele, "vou aonde a onda me levar'", diz Fraga. "Eu falaria pra ele: "Pare de cerrar os lábios! Põe uma camisa verde-água, rosa-bebê, azul clarinho!"
"A imagem dele é nula. A pretexto de fazê-lo jovial, seus marqueteiros transformaram-no num sujeito sem personalidade", diz Alcino. "Os óculos de aro de metal leves deixam seu rosto sem vibração nem relevo, ainda mais que ele é careca. Eu os trocaria por de armação escura de acetato, estilo Jânio Quadros ou Carlos Lacerda, mas mais contemporâneos."
Lula é o que menos exige mudanças no visual. "Ele está mais bonitinho, pôs botox, consertou os dentes", diz Fraga, que define o estilo atual do presidente como "vamos agradar aos banqueiros". "É o estilo Safra barra Ivo Rosset. Mas ele tenta acender uma vela a Deus e uma ao Diabo. Não dá certo."
Fraga sugere camisetas de malha, blusas de algodão, jeans de estilistas novos. E jamais usar vermelho: "Chega dessa coisa de estrela vermelha plantada no Planalto". "O vermelho não está num bom momento", concorda Jum Nakao, que vestiria o presidente com mais informalidade: cores claras, tom pastel, camisas de manga curta, camisa e paletó sem gravata.
Para Alcino, Lula está mais bem vestido, mas abusa das cores escuras. "Na primavera, iria nas claras. Faria uma paleta de cores para os ternos e as camisas que tirasse a impressão de que ele está sempre com a mesma roupa."


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