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Lula decide indicar Toffoli para o Supremo
Advogado-geral da União é a oitava indicação do petista ao STF; presidente também aponta Múcio para vaga no TCU
Indicados ainda precisam passar por sabatina no
Senado; Alexandre Padilha
deve ser nomeado ministro
das Relações Institucionais
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu indicar o advogado-geral da União, José
Antonio Dias Toffoli, para uma
vaga no STF (Supremo Tribunal Federal). Lula optou ainda
por indicar o ministro das Relações Institucionais, José Múcio, para o TCU (Tribunal de
Contas da União).
Apesar de ter dito à tarde que
ainda estava pensando nos nomes para o STF e o TCU, Lula
poderia assinar ainda na noite
de ontem as indicações oficiais
de Toffoli e de Múcio para os
respectivos órgãos. Ambos precisam ser sabatinados pelo Senado Federal.
Para o lugar de Múcio, Lula
nomeará Alexandre Padilha,
atual secretário de Assuntos
Federativos da pasta das Relações Institucionais, que deverá
tomar posse no dia 28.
Alexandre Padilha é visto por
Lula como um bom técnico,
desprovido, no entanto, de habilidade e experiência políticas.
Outro nome que chegou a ser
cogitado para o lugar de Múcio
é o do deputado federal Antonio Palocci, que voltaria ao governo para permanecer até o final do mandato de Lula.
O problema é que, nesta hipótese, Palocci não poderia se
candidatar à reeleição ou a outro cargo no pleito do ano que
vem, ficando sem mandato a
partir de 2011.
Em relação à AGU (Advocacia Geral da União), Lula está
pensando. Há dois cotados
mais fortes: Luiz Inácio Adams
e João Ernesto Aragonés Vianna. Adams é procurador-geral
da Fazenda Nacional. Aragonés
fez carreira como procurador
federal. Há ainda possibilidade
de alguém de fora do governo.
O presidente Lula desconversou quando indagado ontem pela imprensa sobre Toffoli e Múcio. "Não tomei a decisão
ainda. Estou pensando. A indicação de quem quer que seja
para a Suprema Corte ou o Tribunal de Contas da União,
quando eu decidir, terei imenso
prazer de fazer um comunicado
oficial à imprensa de que já
escolhi as pessoas.
Vou escolher os nomes entre os 190
milhões de brasileiros", disse,
ao sair de um almoço no Palácio do Itamaraty com o presidente do Maláui, Bingu Wa
Mutharika.
Na semana passada, Toffoli
foi avisado por auxiliares de
Lula de que seria indicado para
o Supremo. Ontem, em reunião
de manhã, Lula oficializou o
convite. Aceito de pronto.
O presidente deverá fazer
ainda uma nona indicação para
o STF, pois o ministro Eros
Grau se aposentará até o final
do mandato do petista. Lula
analisou se esperava essa vaga
para optar por Toffoli. No entanto, achou que se desgastaria
menos agora porque, no ano
que vem, haverá eleições.
Faz meses, Múcio teve uma
conversa com Lula sobre seu
futuro. A crise do Senado adiou
a indicação. Ontem à noite, o
presidente o convidou oficialmente. Lula avalia que Múcio
passará facilmente.
Para Lula, a oposição criticará a indicação de Toffoli, mas
não terá força para barrá-la no
Senado. Ex-advogado do PT,
Toffoli será a oitava indicação
do petista para o STF em seus
quase sete anos de mandato.
O governo avalia que a oposição não terá argumentos para
vetar Toffoli porque o ministro
Gilmar Mendes, atual presidente do Supremo, foi advogado-geral da União na gestão do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
O PT e o PMDB já sinalizaram que vão negociar com os
demais partidos aliados e tratar
a indicação como prioritária.
"Não vejo dificuldades para
Toffoli ser aprovado. Ele tem
prestígio na Casa", disse Renan
Calheiros (AL), líder do PMDB.
"O PT errou quando questionou a indicação de Gilmar
Mendes [pelos laços políticos
com FHC]. É importante para o
STF ter um ministro com experiência na AGU", afirmou Aloizio Mercadante (SP), líder do
PT no Senado.
O oposicionista José Agripino Maia (RN), líder do Democratas, reagiu com moderação:
"Em princípio, não há veto. Ele
será submetido à sabatina. Não
há nada contra o cidadão e advogado Toffoli", afirmou.
A resistência mais forte a
Toffoli veio de um senador tucano. "É uma indicação político-partidária. Nós não podemos aceitar", disse Álvaro Dias
(PSDB-PR).
Colaboraram ADRIANO CEOLIN e SIMONE IGLESIAS, da Sucursal de Brasília, e MARCIO AITH, da Reportagem Local
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