|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lacuna em currículo e ligação com PT tornam indicação polêmica
VERA MAGALHÃES
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
Quando se pergunta aos amigos de José Antonio Dias Toffoli quais são suas principais qualidades, invariavelmente as respostas versam ou sobre sua fama de bom moço, seja pela formação católica, seja pelo apego
à família, ou sobre sua militância como advogado de causas
sociais ou eleitorais.
Ninguém o vê como um jurista de expressão, e é essa lacuna
em seu currículo, aliada à proximidade ao presidente e ao
PT, que tornam sua indicação
para o Supremo Tribunal Federal a mais polêmica da era Lula.
Toffoli se formou pela Faculdade de Direito do Largo São
Francisco em 1990, aos 23
anos. Ele conta que trabalhou
como caixa na Oficina de Pizzas, em São Paulo, na época de
estudante, para se manter.
Ele não fez mestrado ou doutorado e foi reprovado em dois
concursos para juiz estadual,
em 1994 e 1995.
Formado, começou a militar
nos movimentos populares,
notadamente o de moradia. Foi
nessa época que se aproximou
do PT, e foi pelas mãos de Arlindo Chinaglia, então deputado estadual, que virou assessor
jurídico da bancada, primeiro
na Assembleia Legislativa, depois na Câmara. À época, promoveu várias ações diretas de
inconstitucionalidade no STF
contra medidas do governo
Fernando Henrique Cardoso.
A atuação o aproximou de
José Dirceu e de Lula. Foi advogado em três campanhas presidenciais. Em 1998, não era o
principal advogado, mas assumiu a função em 2002 e 2006.
Ele foi subchefe de assuntos
jurídicos da Casa Civil na era
José Dirceu, e pediu demissão
tão logo Dilma Rousseff assumiu. De volta à banca privada,
foi contratado por Lula para
defendê-lo na campanha reeleitoral, e recebeu honorários
na casa de R$ 1 milhão.
Foi nesse período que comprou a confortável casa em que
mora no Lago Norte, onde faz
churrascos e partidas de futebol que reúnem a nata política e
jurídica de Brasília. Um tanto
tímido nos compromissos oficiais, Toffoli é descrito como
brincalhão e informal no trato
com os subordinados na AGU.
Palmeirense fanático, costuma defender o time que é também o da preferência da maioria dos oito irmãos. Sua devoção à família é outro dos predicados mais mencionados pelos
que convivem com ele. Toffoli
cuida de um irmão mais novo,
portador de síndrome de
Down, tem outro irmão padre e
sempre costuma se referir à
formação católica que recebeu.
A despeito disso, contrariou
a igreja ao defender no STF a liberação de pesquisas com células-tronco embrionárias, deu
parecer favorável a que o casal
possa decidir pelo aborto em
caso de feto anencéfalo e à
união civil homossexual.
Tem uma filha, é divorciado e
namora uma advogada. Seus
hobbies incluem shows de
MPB, um decantado conhecimento sobre vinhos e uma coleção de mais de 15 diferentes armações de óculos de grau.
Aos 41 anos, Toffoli chega ao
STF depois de ter sido cotado
sucessivas vezes nos últimos
dois anos.
Para se contrapor às lacunas
em seu currículo, ele costuma
citar o apoio interno que construiu depois de ter chegado ao
órgão sob contestação por não
ser concursado. Seu maior feito
teria sido devolver aos cofres
públicos um montante de quase R$ 500 bilhões desde 2007.
Texto Anterior: Novo ministro poderá votar no caso Battisti Próximo Texto: Frases Índice
|