São Paulo, Domingo, 17 de Outubro de 1999
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Garotinho critica encontro

do enviado especial a Brasília

e da Sucursal de Brasília

O governador do Rio, Anthony Garotinho (PDT), se disse decepcionado com a reunião de ontem com o presidente Fernando Henrique Cardoso. "Senti uma imensa sensação de tempo perdido."
A principal reclamação de Garotinho foi que todas as reivindicações dos Estados ficaram para o dia 22, sendo resolvidos apenas os assuntos que interessavam ao governo federal.
"Mais uma vez o governo utilizou o prestígio dos governadores para resolver seus problemas", disse, acrescentando que "tudo que era de concreto para melhorar a situação dos governadores ficou para proposta posterior".
Como exemplo, Garotinho citou a promessa do governo de apresentar uma proposta para resolver as perdas dos Estados com a chamada Lei Kandir, a que estabelece isenções de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) nas exportações.
Segundo o governador, a promessa de uma solução já havia sido feita na reunião entre FHC e os governadores em fevereiro, na Granja do Torto. "Foi como se eu estivesse vendo aquela novela que passa à tarde na TV sob título de "Vale a Pena Ver de Novo'", disse em referência à reprise das novelas da TV Globo.
Garotinho disse que, apesar do desapontamento de ontem, vai seguir "dando crédito" ao governo federal. "Continuo dizendo que Fernando Henrique é o presidente de todos os brasileiros. Só que ele hesita na hora de tomar decisões", afirmou.
Garotinho deixou claro que só vai trabalhar na bancada parlamentar do Rio pela aprovação das emendas de interesse do governo federal se na reunião da próxima sexta-feira houver propostas viáveis para resolver os problemas apresentados pelos Estados. "Caso contrário, é o contrário", resumiu.
O governador disse também que FHC "tem boas intenções" e que por isso merece seu crédito, mas acrescentou. "Agora, de boas intenções o inferno está cheio."
No fim, ele disse que pelo menos o cardápio do almoço de ontem, uma bacalhoada, foi melhor que o da reunião de fevereiro, uma feijoada. Mas quando chegou ao hotel pediu aos auxiliares um comprimido digestivo. "Comi demais", justificou.

Oposição
Os governadores Zeca do PT (PT-MS) e Ronaldo Lessa (PSB-AL) vão tentar convencer os partidos de oposição a apoiar a cobrança da contribuição previdenciária dos servidores inativos.
"Vou conversar com os outros governadores do PT, explicar o que foi colocado aqui, mas acho que não haverá problemas. Está na hora de mostrar a maturidade do PT, já que essa não é uma questão ideológica. O rombo vai estourar nos Estados mais dia, menos dia", disse Zeca do PT.
Lessa também disse que pretende conversar com os demais governadores de oposição antes do dia 22.
Zeca do PT afirmou, no entanto, que a solução para o problema da Previdência está vinculada ao atendimento das outras reivindicações dos governadores.
"Esse é o momento de debater tudo. O dia 22 vai ser uma data definitiva", afirmou.


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