São Paulo, domingo, 17 de outubro de 2004

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POLITIZAÇÃO INFLADA

PMDB, PT, PSDB e PFL dizem que números enviados pelos próprios partidos ao TSE estão superestimados; pefelista sugere mudança na regra

Responsáveis por filiados, siglas admitem erros

DA REPORTAGEM LOCAL

Os quatro principais partidos do país -PMDB, PT, PSDB e PFL- admitem que os números de filiações que eles próprios encaminharam ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) neste ano estão superestimados.
O líder no Senado do partido campeão em filiados, o PMDB, senador Renan Calheiros (AL) creditou parte da culpa pelo problema à "falta de conscientização" dos filiados. "As pessoas esquecem ou mudam de partido sem a conseqüente atualização do cadastro. Muitas pessoas não lembram nem em quem votaram nas últimas eleições. Parece que o mesmo está ocorrendo com a filiação partidária", disse Calheiros. O PMDB aparece na lista da Justiça Eleitoral com mais de dois milhões de filiados, 506.524 no Estado de São Paulo.
O presidente nacional do PT, José Genoino, disse que o número fornecido pelo TSE está "um pouco alto" e precisa ser atualizado. O número correto, segundo ele, é de 650 mil a 700 mil. O PT informou um total de 990 mil.
Genoino afirmou que, em 2001, o partido fez uma campanha de recadastramento nacional e depois uma campanha de filiação partidária. "Não nos interessa ter filiados de cartório. Queremos filiados que participem, que votem. O filiado cartorial não ajuda em nada o partido", disse.
A assessoria de imprensa do PSDB também informou que o número de filiados fornecido pelo TSE à Folha está aumentado. O partido trabalha com o número de 1,09 milhão de pessoas inscritas no PSDB. Segundo o TSE, os tucanos têm 1,169 milhão (o maior contingente em São Paulo, com 282.214 nomes). Todos são considerados filiados "de fato".
A assessoria disse ainda que o partido fez um recadastramento nacional em abril, entretanto esse processo não passa pelo filiado. Os diretórios municipais repassam os números de inscritos à Justiça Eleitoral, que repassa aos Tribunais Regionais Eleitorais, que encaminham ao TSE. Todos, informou o partido, em algum momento, assinaram a ficha de inscrição partidária.

Proposta de mudança
O diretor do PFL nacional, Saulo Queiroz, disse que o partido está utilizando a internet para organizar a militância em todo o país. Para ele, os dados oficiais enviados ao TSE não têm relação com a realidade. "Não existe mais uma fonte confiável sobre o controle de filiações", disse. No TSE, o PFL tem 1 milhão de filiados.
Segundo Queiroz, os problemas se agravaram desde 1996, quando uma nova lei sobre filiações delegou aos partidos a tarefa de elaborar e encaminhar as listas, sem um escrutínio da Justiça Eleitoral. Para o ex-deputado, o modelo de filiação deveria ser alterado por lei. Ele avalia que o atual "é muito destituído de valores programáticos, ideológicos e de participação partidária". (RUBENS VALENTE E LILIAN CHRISTOFOLETTI)


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