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ELEIÇÕES 2008 / RIO DE JANEIRO
Gabeira diz que pode ajudar PT e PSDB; Paes cola em Lula
Peemedebista explica ataque a petista no caso mensalão; candidato verde mantém crítica
Para justificar inexperiência administrativa, candidatos dizem em debate da Folha que vão nomear técnicos competentes para equipe
DA SUCURSAL DO RIO
O candidato do PV à Prefeitura do Rio, Fernando Gabeira,
aliado do PSDB e ex-petista, ficou em cima do muro: disse que
sua vitória ajudará tanto o projeto presidencial do tucano José Serra quanto o daquele escolhido para ser o candidato do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva. O candidato do PMDB,
Eduardo Paes, ex-tucano, não
deixou espaço para seu ex-partido e afirmou que sua eventual
vitória beneficiará Lula.
As afirmações dos candidatos foram feitas em debate promovido ontem pela Folha, no
Cine Odeon, na Cinelândia,
centro do Rio. Na mais recente
pesquisa Datafolha, os dois estão em empate técnico: Gabeira tem 43%, e Paes, 41%
"O que estou fazendo e vou
fazer no Rio interessa tanto ao
Serra quanto ao Lula. Tanto ao
PSDB quanto ao PT. Vamos
olhar nossa história comum,
supor que não sejamos divididos, que sejamos um único grupo. Nós conseguimos uma boa
política econômica. Uma política econômica formulada no
governo passado e ampliada e
enriquecida neste governo",
disse Gabeira.
"Não tenha dúvida de que
nossa candidatura significa,
sim, a junção de forças políticas
que apóiam o presidente Lula
em nível nacional, que estão
aqui juntas neste segundo turno, para poder fazer a reconstrução dessa cidade, que está
muito mal", afirmou o candidato do governador Sérgio Cabral
Filho (PMDB).
Dois anos depois de chamar
o presidente de "psicótico" e
"chefe de quadrilha", Paes disse que se arrepende dos termos
usados, mas não das acusações
feitas. "Num processo de debate político, como tivemos ali
em Brasília, num processo de
investigação, considero que
cumpri com as minhas obrigações. Apurei e ajudei a contribuir com a melhora da democracia no Brasil. Dessas coisas
não me arrependo. Nesse processo de debate político às vezes você se excede em certas
afirmações, expressões usadas.
Eu não tenho o menor problema em admitir isso e me desculpar", declarou.
Gabeira não recuou dos comentários feitos à época do escândalo do mensalão, quando
afirmou que Lula sabia do esquema de compra de deputados e que "uma quadrilha" dominava "o governo brasileiro".
Mas fez questão de citar alianças com o petista nas eleições
de 1989, 1994, 1998 e 2002.
"Não posso negar meu passado de lutas junto com o presidente Lula. Se saí do governo, é
porque achei que nossos princípios comuns não foram respeitados. Não sou candidato a
aderir ao governo Lula. Sou
candidato a ter uma relação civilizada e republicana com ele."
O debate da Folha contou
com a participação do escritor
e jornalista Ruy Castro, colunista da Folha, e do repórter
Mário Magalhães, tendo sido
mediado pelo coordenador da
Sucursal do Rio, Plínio Fraga.
Experiência
O candidato do PV afirmou
que, assim como ele, "grandes
dirigentes" também não tinham experiência administrativa antes de ocupar um cargo
no Executivo -citou Lula e
Fernando Henrique Cardoso
como exemplos.
"Além disso estou me preparando com uma equipe extraordinária. Nós estamos ancorados nessa idéia: o Rio precisa de uma liderança para reconduzir a reconstrução. Essa
liderança é uma liderança política, mas não está isolada. Temos que estar apoiados em
uma grande equipe técnica."
Paes lembrou sua gestão como subprefeito de Jacarepaguá
(zona oeste), secretário municipal de Meio Ambiente e secretário estadual de Esporte e
Lazer. "Tenho três experiências no Poder Executivo, todas
elas muito bem-sucedidas."
Ambos afirmaram que vão
nomear técnicos competentes,
dignos e honestos para as secretarias, mas se recusaram a
antecipar nomes. Para Paes,
"não é momento de divulgar"
os futuros secretários. Gabeira
disse que, por ter "nomes demais, nós preferimos não causar rivalidade neste momento".
Proibido de entrar nos Estados Unidos por ter participado
do seqüestro do embaixador
americano Charles Burke Elbrick, em 1969, Gabeira disse
que poderá manter relações
com representantes do país. "A
posição dos americanos a meu
respeito evoluiu bastante. Portanto, acho que não haverá problemas. E meu vice, Luiz Paulo,
está com o visto em dia."
Paes creditou suas cinco trocas de partidos em 16 anos na
política ao fato de as siglas não
manterem seus programas políticos. "O partido deve servir
como uma espécie de norte, de
referência para o eleitor quando escolhe seu candidato. Aqui
no Brasil infelizmente não é assim", justificou.
Campanhas apócrifas
Paes classificou como "condenáveis" os panfletos apócrifos contra seu adversário. Disse
que também é vítima de campanha negativa, mas que não
gosta de reclamar do problema,
"fazer disso um cavalo de batalha". Ele insinuou que Gabeira
promoveu propaganda negativa pela internet. "Fora, Gabeira, esse absurdo que acontece
nesse campo, que o sr. mesmo
diz que domina a internet. Porque o e-mail apócrifo também é
muito ruim que aconteça". O
verde respondeu: "Se eu disse
algum dia que domino a internet, disse um absurdo. Ninguém domina a internet".
Assista ao vídeo do debate
www.folha.com.br/082902
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