São Paulo, sábado, 17 de novembro de 2007

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Aliança Lula-Chávez ameaça o país, diz DEM

Partido condena declaração pró-Venezuela; petista diz que DEM não pode falar de democracia, pois apoiou a ditadura

O senador Heráclito Fortes criticou o presidente: "Lula se precipitou ao entrar nessa polêmica. O silêncio para o Brasil seria a melhor opção"

Fernando Rabelo/Divulgação
Clóvis Brigagão, diretor do Centro de Estudos das Américas, durante conferência no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro


EDUARDO SCOLESE
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Numa reação às recentes declarações de apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao regime venezuelano, a direção nacional do DEM divulgou nota na qual diz que a aliança do petista com o presidente Hugo Chávez "ameaça a democracia e o Estado de Direito, além de ser contrária e nociva aos interesses do povo brasileiro".
No texto, divulgado após Lula ter afirmado não ser possível criticar o colega venezuelano por falta de democracia, o DEM sugere que o apoio a Chávez é uma forma de sinalizar pela aprovação da emenda que permitiria ao petista disputar um terceiro mandato consecutivo.
"O prazo do mandato do presidente Lula está definido na Constituição e propostas espúrias para mexer neste prazo serão tratadas pelo Democratas como aquilo que realmente são: tentativas de golpe de Estado para extinguir a democracia e o Estado de Direito com o objetivo de instalar uma ditadura no Brasil", afirma a nota. Nela o DEM trata Chávez de chefe de um "governo ditatorial" e manifesta "total solidariedade aos valentes venezuelanos que enfrentam" o governo local.
Procurado pela reportagem, o presidente nacional do DEM, deputado federal Rodrigo Maia (RJ), disse: "O presidente Lula é muito inteligente. Quando mistura o parlamentarismo com presidencialismo, ele sabe muito bem o que está fazendo. De forma clara, o presidente e o partido dele caminham para, após a [votação] da CPMF, tramitar o projeto de lei sobre plebiscitos [uma eventual brecha para a opção por um terceiro mandato de Lula]".
Ontem, no Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI) criticou as recentes declarações de Lula: "O presidente Lula se precipitou ao entrar nessa polêmica. O silêncio para o Brasil seria a melhor opção, porque temos relações tanto com a Venezuela quanto com a Espanha", disse. "Mas não é espantoso que Lula faça isso, afinal já é tradicional o afago entre Lula e Chávez".
As críticas foram seguidas pelo senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), cujo partido faz parte da base governista. "Em uma democracia deve haver liberdade de imprensa, e instituições fortes, com o Judiciário e Legislativo independentes. Será que esses elementos existem hoje na Venezuela? Na minha opinião, não".
Já para o deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR), o DEM, ao criticar a aliança do Brasil com a Venezuela, sinaliza desconhecer a importância da integração dos países da América do Sul. Segundo ele, a sigla não pode falar de democracia, recordando a origem do partido (Arena, PDS e PFL). "Eles [democratas] não são os mais indicados para falar de democracia. Eles são filhotes da ditadura. Criaram e sustentaram a ditadura. Não são os mais adequados para falar disso", disse.
"Eles [DEM] também não tem a mínima percepção do que é uma integração sul-americana. Eles querem o Brasil subjugado à política norte-americana", completou o petista, relator do parecer favorável à adesão da Venezuela ao Mercosul na Comissão de Relações Exteriores da Câmara. Sobre um terceiro mandato de Lula, afirmou: "Isso nunca foi colocado pelo PT nem pelo Lula".


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