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Empresária relata propina em São Caetano
Rita Cressoni diz ter entregue envelope com dinheiro a José Auricchio Jr., atual prefeito da cidade, que promete processá-la
Construtor Antonio Cressoni
se diz falido e reclama que
prefeito o abandonou: "Fui
ao gabinete de Auricchio e
ele nem quis me atender"
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Casada há 29 anos com o
construtor que confessou ter
participado de um esquema de
desvio de dinheiro da Prefeitura de São Caetano do Sul (SP),
Rita de Cássia Cressoni disse ao
Ministério Público de São Paulo que, a pedido do sócio e marido, entregou um envelope com
dinheiro para o então diretor
de Saúde e hoje prefeito da cidade, José Auricchio Jr. (PTB).
A afirmação foi feita na última terça-feira durante o depoimento prestado por ela aos
promotores do Gaerco, grupo
regional do Ministério Público
de combate ao crime organizado. Rita foi assistida pelo advogado Eder Xavier. A assessoria
do prefeito informou que a declaração é inverídica e que Rita
será processada pelos crimes
de calúnia e difamação, tal qual
o marido dela, Antonio Cressoni, que foi acionado na Justiça
pela defesa de Auricchio Jr.
(leia texto abaixo).
A história começou com
Cressoni, que disse ter ganho,
durante oito anos, cerca de R$
16,5 milhões por dezenas de
obras públicas que realizou e
por outras que nem existiram.
Em troca, afirmou, pagava um
"fundo de reserva" (propina)
para autoridades locais, inclusive para o atual prefeito.
"Em geral pagava 15% do valor da obra. Se fosse algo na área
de Saúde, havia um adicional de
10%, uma exigência do titular
da pasta", afirmou Cressoni.
Na Promotoria, Rita disse
que, entre 2000 e 2001, estava
lavando a calçada de sua casa
quando o marido lhe pediu que
fosse à Diretoria de Saúde e entregasse um envelope ao titular
do cargo. Afirmou que tentou
resistir ao pedido, pois estava
com as sandálias molhadas.
À época, Cressoni já havia
executado dezenas de obras na
gestão do prefeito Luiz Tortorello (PTB), morto em 2004.
No interior do prédio, Rita
afirmou que foi conduzida ao
gabinete do diretor, que a teria
tratado de forma hostil. "O diretor [Auricchio Jr.] abriu o envelope. Nele havia uns dois maços de notas de R$ 50 e algumas
outras notas avulsas. Ele contou o dinheiro e não ficou satisfeito com o montante."
Segundo ela, Auricchio Jr. telefonou para Cressoni: "Em
tom de brincadeira, comentou:
"É só isso? Na próxima medição
vê se melhora.'". Rita disse que
"talvez tenha sido algo em torno de R$ 10 mil, um pouco
mais, um pouco menos".
Depois desse encontro, a família dela e a do atual prefeito
tornaram-se muito próximas,
afirmou Rita, que disse guardar
cerca de 300 fotos desses momentos. A reportagem viu algumas em que as famílias estão
em um cruzeiro marítimo.
A maior parte das obras de
Cressoni foi executada nas gestões de Tortorello. Na atual, ele
ganhou três licitações -há suspeita de fraude nas assinaturas.
Dizendo-se falido após uma
administração ruim de seu patrimônio, Cressoni afirmou ter
sido abandonado pelo suposto
grupo. "Fui ao gabinete de Auricchio e ele nem quis me atender. Disse que, na gestão dele,
não haveria corrupção", disse o
construtor, que terá de devolver aos cofres públicos o dinheiro das obras que não fez.
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