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São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 2003

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NO AR

Exorbitantes

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Foi um daqueles dias em que os relatos do mercado financeiro na televisão abrem quase sempre com a palavra "expectativa".
Dia em que o vice-presidente José Alencar dá as caras para declarar, quase sempre para a Globo News:
- As taxas de juros precisam cair.
Em que o presidente da Confederação Nacional da Indústria pressiona:
- Há espaço para uma redução de dois pontos.
Desta vez, quanto à decisão a ser anunciada hoje pelo Banco Central, a "expectativa" é ainda maior depois de declarações inusitadas feitas pelo ministro Antonio Palocci e até pelo presidente.
Palocci, na Globo, sobre os juros de hoje:
- As coisas estão caminhando bem.
Lula, como registrou a Globo, "mandou um recado aos bancos". Ou melhor:
- Foi mais um aviso. O presidente disse que, no ano que vem, vai ser mais lucrativo investir no setor produtivo do que em títulos públicos. Traduzindo, Lula quis dizer que os juros vão continuar caindo.
Na expressão do próprio, o governo vai parar de oferecer "juros exorbitantes".
Com tal recado ou aviso, o presidente da federação dos bancos achou por bem dizer à Jovem Pan, entre outras, que 2004 será "o ano do crédito". Que os bancos vão "investir mais na chamada economia real".
Até aí, o dia corria bem, prometia. Mas veio a CBN à noite e informou:
- O governo tirou R$ 7 bi que seriam aplicados em estradas, transportes e comunicações, durante votação na comissão do Orçamento. O corte visa garantir superávit de 4,25% do PIB em 2004.
Assim eles estragam a "expectativa", não só do mercado, não só para hoje.
 
Para animar um pouco o balanço de fim de ano, mais um, que Lula promete para hoje na televisão, o IBGE divulgou dados positivos sobre a produção industrial.
O destaque nos telejornais foi para o Estado de São Paulo, que em outubro atingiu "o terceiro mês consecutivo de aumento da produção".
Uma boa notícia, isolada.
 
A enviada do Jornal da Record relatou que Lula se recusou a falar sobre o caso Celso Daniel, no Uruguai.
E que um assessor chegou a saltar uma cadeira para segurar seu braço -da jornalista- e evitar mais perguntas.


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