São Paulo, quinta-feira, 18 de janeiro de 2001

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VIAGEM PRESIDENCIAL

Fernando Henrique Cardoso anunciará disposição de estabelecer relações diplomáticas com país

Brasil vai se aproximar da Coréia da Norte

MARTA SALOMON
ENVIADA ESPECIAL A SEUL

O presidente Fernando Henrique Cardoso, em visita à fronteira com a Coréia do Norte, vai anunciar, amanhã, a disposição de estabelecer relações diplomáticas com o país.
O isolamento é visto como o último vestígio da Guerra Fria, que dividiu o mundo entre aliados soviéticos e dos EUA. FHC chegou ontem à Coréia do Sul, primeira etapa de sua viagem de dez dias pela Ásia.
A Coréia do Norte é o único país do mundo com o qual o Brasil não mantém relações diplomáticas. Elas nunca existiram, desde que o país foi dividido em dois no final da Segunda Guerra Mundial e ocupado por tropas das duas superpotências.
O estabelecimento de relações diplomáticas está condicionado, porém, ao compromisso de que a Coréia do Norte abra mão de experiências nucleares para fins não pacíficos.

Nobel
A unificação das duas Coréias -a República da Coréia e a República Popular Democrática da Coréia- vem avançando desde junho do ano passado, quando aconteceu o primeiro encontro entre seus líderes em Pyongyang, capital da Coréia do Norte. Esse encontro é apontado como o início do fim de um isolamento que durou 55 anos.
O processo de unificação é conduzido pelo presidente Kim Dae Jung, ganhador do prêmio Nobel da Paz do ano passado. Um encontro com o presidente será o primeiro compromisso da agenda oficial da visita de FHC na Coréia do Sul hoje.
A unificação das Coréias é comparada à unificação alemã, que também rendeu um Nobel da Paz a seu idealizador, Willy Brandt.
Para marcar o apoio ao projeto de unificação, FHC incluiu no roteiro da visita oficial de três dias à Coréia uma viagem de uma hora e meia à zona desmilitarizada da fronteira, onde até os seguranças da Presidência da República terão de entrar desarmados.
Segundo a avaliação do governo brasileiro, a perspectiva de altos investimentos sul-coreanos na Coréia do Norte, aproveitando a mão-de-obra barata e qualificada do país vizinho, não vai atrapalhar os planos de atrair esses investidores para o Brasil.
""Isso não vai interferir no curto prazo", avaliou o secretário-executivo da Camex (Câmara de Comércio Exterior), Roberto Giannetti da Fonseca.
Depois do Japão, a Coréia é hoje o principal parceiro do Brasil na Ásia. Fica na frente até da China.

A jornalista Marta Salomon e o repórter-fotográfico Sérgio Lima viajam a convite no avião presidencial por falta de vôos comerciais adequados ao mesmo trajeto. As despesas com hospedagem e alimentação são custeadas pela Folha


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