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São Paulo, sábado, 18 de janeiro de 2003

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PREVIDÊNCIA

Promessa foi feita ontem pelo presidente da entidade, João Antônio Felício, após reunião com o ministro Berzoini

CUT fará greve se reforma excluir militares

LILIAN CHRISTOFOLETTI
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

A CUT (Central Única dos Trabalhadores), braço sindical do PT, prometeu reagir com greves e protestos caso o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) exclua os militares ou qualquer outra categoria do regime único de Previdência.
A reação foi prometida ontem pelo presidente da CUT, João Antônio Felício, logo após deixar o gabinete do ministro da Previdência Social, Ricardo Berzoini.
O sindicalista afirmou também que irá pressionar os parlamentares "em suas bases e no Congresso Nacional" se eles não defenderem o fim da aposentadoria diferenciada. "Seremos contra qualquer exclusão do sistema universal de aposentadoria. Manifestações, paralisações, pressões aos parlamentares, vamos fazer o que sempre fizemos nos 19 anos de existência da CUT", afirmou Felício. "Berzoini sabe bem como nós agimos", completou.

Proximidade
O ministro da Previdência sempre teve uma proximidade muito grande com o movimento sindical. Entre 1992 e 1994, por exemplo, Berzoini assumiu a presidência nacional da Confederação dos Bancários da CUT.
Da conversa com o ministro, Felício afirmou ter saído com a certeza de que a reforma não está definida e que interessa ao governo criar um regime único, apesar das pressões de diversos setores de servidores públicos.
Berzoini tem conversado diariamente com cinco ou seis diferentes representantes de associações e de sindicatos, que basicamente defendem a especificidade de suas funções e a manutenção da aposentadoria equivalente ao último salário da ativa.
A única garantia do governo, por enquanto, foi para os militares. Berzoini afirmou que os membros das Forças Armadas terão um regime de aposentadoria diferenciado.

Farda e enxada
"Estou rindo muito com essa história das especificidades. Não consigo imaginar por que alguém tem uma situação específica porque usa farda e outro não porque usa enxada, bisturi ou avental. Defendo para todos os trabalhadores um mesmo teto de aposentadoria. Se deixar uma categoria fora desse sistema, será muito difícil convencer outra a abrir mão da aposentadoria integral", afirmou o sindicalista.
A CUT defende um teto de contribuição de 20 salários mínimos para todos os servidores públicos, sem exceção. Quer ainda que o fundo previdenciário tenha uma administração compartilhada entre o governo e os representantes sindicais.
"Querer uma Previdência universal que exclua juízes, desembargadores, diplomatas, militares, justamente os setores com as aposentadorias mais suculentas, é uma injustiça e uma agressão ao povo brasileiro."
Berzoini, segundo o presidente da CUT, se comprometeu a uma nova conversa sobre reforma da Previdência, para a próxima semana, em São Paulo.


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