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CONGRESSO
Depois de se reunir com José Dirceu, peemedebista afirma ser o favorito na bancada para presidir o Senado
Renan diz que não desistirá de candidatura
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Palácio do Planalto reabriu
ontem as negociações com o líder
do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), mas o impasse na
eleição do próximo presidente da
Casa continua.
Após a audiência com o ministro José Dirceu (Casa Civil), Calheiros negou que vá renunciar à
sua candidatura a favor de José
Sarney (AP), o preferido do Planalto, e disse que o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva participará da busca de entendimento.
Na quinta-feira, Calheiros conseguiu reunir 12 dos 20 senadores
do partido, mas teve de adiar a indicação à Presidência do Senado,
por causa da pressão do Planalto
sobre os peemedebistas.
O líder se considera o candidato
favorito na bancada e diz que ainda busca a garantia de que o governo será isento e apoiará o nome a ser escolhido "livremente" no dia 31 de janeiro, véspera da
posse do novo Congresso. Sem
apoio do governo, o indicado pelo
PMDB perderia no plenário.
"Não adianta sair candidato
sem que o governo decida ser
isento. Não podemos perder essa
negociação na adulação ao governo, tampouco precipitar o processo. Seria um gesto inócuo escolher um candidato ontem [quinta-feira] e deixá-lo sangrando,
sem segurança eleitoral", afirmou
Calheiros, justificando o adiamento da decisão da bancada.
Segundo ele, Dirceu não deu nenhuma garantia de isenção do governo no processo e teria se comprometido a conversar com Lula e com a ala do PMDB que apóia
Sarney em busca de uma solução
para o impasse.
Já há uma reunião marcada para a próxima terça-feira entre Calheiros e os senadores Eduardo
Suplicy (SP), líder do PT, e Aloizio
Mercadante (SP), futuro líder do
governo no Senado, e o presidente do PT, José Genoino (SP), além
de Dirceu.
Há um clima de desconfiança
entre a cúpula do PMDB e o PT,
após o rompimento do acordo
feito entre os dois partidos em dezembro, pelo qual cada um apoiaria o indicado institucionalmente
pelo outro para presidir a Câmara
(no caso, o PT) e o Senado (o
PMDB), sem interferências.
""A conversa é para restaurar essa confiança. Meu papel como líder é apagar o incêndio", disse
Calheiros. Ele insistiu em negar
que haja qualquer acordo em curso. ""Não há nenhuma solução à
vista. E, se não houver engenharia
na negociação, não será possível
sair do impasse. E a divisão do
PMDB não interessa a ninguém,
nem ao governo", avisou.
A preferência do Planalto por
Sarney é clara. O ex-presidente da
República (1985-90) e ex-presidente do Senado (1995-97)
apoiou a candidatura de Lula a
presidente desde o primeiro turno, contra a orientação da cúpula
peemedebista. Ele havia rompido
com o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso. Calheiros, por
sua vez, apoiou o candidato governista, José Serra (PSDB-SP).
Interferência
O porta-voz da Presidência, André Singer, negou que tenha ocorrido "interferência" de Dirceu em
assuntos do Congresso durante as
negociações do PMDB para a eleição da mesa do Senado.
"Uma das atribuições do ministro-chefe da Casa Civil é a de cuidar da relação entre o governo e o
Congresso. Nessa condição, o ministro-chefe da Casa Civil, José
Dirceu, recebe e conversa com todos os parlamentares que assim o
desejam. A negociação para os
cargos das mesas congressuais,
entretanto, está a cargo dos líderes do governo e do PT no parlamento", disse Singer.
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