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São Paulo, sábado, 18 de janeiro de 2003

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CONGRESSO

Depois de se reunir com José Dirceu, peemedebista afirma ser o favorito na bancada para presidir o Senado

Renan diz que não desistirá de candidatura

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Palácio do Planalto reabriu ontem as negociações com o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), mas o impasse na eleição do próximo presidente da Casa continua.
Após a audiência com o ministro José Dirceu (Casa Civil), Calheiros negou que vá renunciar à sua candidatura a favor de José Sarney (AP), o preferido do Planalto, e disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participará da busca de entendimento.
Na quinta-feira, Calheiros conseguiu reunir 12 dos 20 senadores do partido, mas teve de adiar a indicação à Presidência do Senado, por causa da pressão do Planalto sobre os peemedebistas.
O líder se considera o candidato favorito na bancada e diz que ainda busca a garantia de que o governo será isento e apoiará o nome a ser escolhido "livremente" no dia 31 de janeiro, véspera da posse do novo Congresso. Sem apoio do governo, o indicado pelo PMDB perderia no plenário.
"Não adianta sair candidato sem que o governo decida ser isento. Não podemos perder essa negociação na adulação ao governo, tampouco precipitar o processo. Seria um gesto inócuo escolher um candidato ontem [quinta-feira] e deixá-lo sangrando, sem segurança eleitoral", afirmou Calheiros, justificando o adiamento da decisão da bancada.
Segundo ele, Dirceu não deu nenhuma garantia de isenção do governo no processo e teria se comprometido a conversar com Lula e com a ala do PMDB que apóia Sarney em busca de uma solução para o impasse.
Já há uma reunião marcada para a próxima terça-feira entre Calheiros e os senadores Eduardo Suplicy (SP), líder do PT, e Aloizio Mercadante (SP), futuro líder do governo no Senado, e o presidente do PT, José Genoino (SP), além de Dirceu.
Há um clima de desconfiança entre a cúpula do PMDB e o PT, após o rompimento do acordo feito entre os dois partidos em dezembro, pelo qual cada um apoiaria o indicado institucionalmente pelo outro para presidir a Câmara (no caso, o PT) e o Senado (o PMDB), sem interferências.
""A conversa é para restaurar essa confiança. Meu papel como líder é apagar o incêndio", disse Calheiros. Ele insistiu em negar que haja qualquer acordo em curso. ""Não há nenhuma solução à vista. E, se não houver engenharia na negociação, não será possível sair do impasse. E a divisão do PMDB não interessa a ninguém, nem ao governo", avisou.
A preferência do Planalto por Sarney é clara. O ex-presidente da República (1985-90) e ex-presidente do Senado (1995-97) apoiou a candidatura de Lula a presidente desde o primeiro turno, contra a orientação da cúpula peemedebista. Ele havia rompido com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Calheiros, por sua vez, apoiou o candidato governista, José Serra (PSDB-SP).

Interferência
O porta-voz da Presidência, André Singer, negou que tenha ocorrido "interferência" de Dirceu em assuntos do Congresso durante as negociações do PMDB para a eleição da mesa do Senado.
"Uma das atribuições do ministro-chefe da Casa Civil é a de cuidar da relação entre o governo e o Congresso. Nessa condição, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, recebe e conversa com todos os parlamentares que assim o desejam. A negociação para os cargos das mesas congressuais, entretanto, está a cargo dos líderes do governo e do PT no parlamento", disse Singer.


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