Enquete da Folha mostra que tucano lidera preferência dentro de sua bancada

Dos 64 deputados do partido, 28 declaram apoio ao candidato lançado anteontem e nenhum se manifesta a favor do petista

FELIPE SELIGMAN
VINICIUS ABBATE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A candidatura de Gustavo Fruet (PSDB-SP) à presidência da Câmara pode não ter garantido o apoio imediato dos 64 deputados de seu partido, mas já eliminou as manifestações públicas dos tucanos a favor do petista Arlindo Chinaglia.
A Folha procurou toda a bancada do PSDB após o lançamento, anteontem, da candidatura de Fruet, e constatou que os deputados agora estão divididos entre os que o apóiam e os que afirmam a disposição de acompanhar a decisão da bancada, que se reúne na próxima terça para tomar uma posição.
Dos tucanos consultados, 28 declararam apoiar Fruet, 23 disseram aguardar a decisão da bancada, 2 afirmaram preferir Aldo Rebelo (PC do B-SP) e 1 se posicionou como indeciso; 10 parlamentares não foram encontrados pela reportagem. O PSDB elegeu 66 deputados em outubro passado, mas 2 deles já pediram desfiliação (Armando Abílio e Vicentinho Alves), segundo a secretaria-geral da Mesa Diretora da Câmara.
O apoio tucano ao candidato petista murchou assombrosamente em uma semana. Na última quinta, o líder do PSDB na Câmara, Jutahy Júnior (BA), convocou uma entrevista para dizer que a bancada do partido estava fechada com Chinaglia. Mais tarde, calculou em 34 os apoiadores do petista no PSDB.
Ontem, Jutahy Jr. afirmou: "Vou encaminhar no dia 23 a proposta de unificar a bancada em torno do Fruet. O lançamento de seu nome é um fato novo e muito relevante".
Três parlamentares defendem o respeito à proporcionalidade -argumento usado pelo PSDB na semana passada para aderir a Chinaglia, que se traduz no direito à maior bancada da Câmara de escolher o presidente-, mas argumentam que mesmo assim seguirão a decisão do partido. "O Parlamento tem regras e eu sempre respeitei essas regras. Mas, acima de tudo, tenho fidelidade partidária e seguirei a decisão do partido", diz Walter Feldman (SP).
Para Eduardo Barbosa (MG), que até então votava em Chinaglia, a notícia pegou alguns deputados de surpresa. "A regra da proporcionalidade é muito forte. Não será uma decisão fácil para o PSDB." O PMDB, dono da maior bancada, teria o direito de ocupar a presidência, mas apóia Chinaglia.
Segundo Fruet, mais da metade da bancada já manifestou apoio à sua candidatura.
"A repercussão dentro do PSDB foi melhor do que eu imaginei", disse Fruet. Para o candidato, o seu nome é a alternativa a dois outros que representam uma dependência entre o Legislativo e o Executivo. Nem todos, entretanto, pensam da mesma forma. Para Vicente Arruda (CE), a candidatura de Fruet é uma "brincadeira". Assim como ele, Nilson Pinto (PA) só votará em Fruet se ele tiver chances de vencer.
Os deputados Wandenkolk Gonçalves (PA), William Woo (SP), Zenaldo Coutinho (PA), Arnaldo Madeira (SP), Átila Lira (PI), Mendes Thame (SP), Carlos Sampaio (SP), Marcelo Teixeira (CE) e Sílvio Lopes (RJ) não foram encontrados.

Em busca de apoios
Os tucanos vão pressionar o PFL a desistir do apoio a Aldo. Em troca, o PSDB promete engajamento para tentar eleger o pefelista José Agripino Maia (RN) à presidência do Senado.
O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), agendou uma reunião da Executiva Nacional do partido, no próximo dia 25, para tratar do assunto. Em viagem à Suíça, Tasso disse ontem que a candidatura de Fruet "representa a renovação". "É uma proposta de resgate da credibilidade", afirmou ele, que estava ausente dos debates públicos.
Um dos principais críticos do acordo firmado com Chinaglia, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) enviou uma carta à bancada declarando seu "apoio integral" a Fruet. "O lançamento de Gustavo Fruet representa um esforço elogiável das lideranças da bancada e do PSDB no sentido de assegurar a unidade partidária", disse.