São Paulo, sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

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Nomeação de Lobão abre apetite de PMDB e aliados

Governo tenta atender demandas por cargos em estatais e bancos públicos

Fazenda veta negociação com cargos estratégicos de Receita e Serpro; objetivo é facilitar votação de medidas provisórias no Congresso

LUCIANA OTONI
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A nomeação do peemedebista Edison Lobão(MA) para o Ministério de Minas e Energia destravou a fila de nomeações pendentes no segundo escalão e na diretoria de estatais. Partidos aliados começaram ontem mesmo a cobrar seus cargos em aberto, confiantes na promessa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de resolver todas as questões ainda neste mês.
O primeiro movimento partiu do ministro José Múcio (Relações Institucionais), que esteve de manhã com Guido Mantega (Fazenda) para negociar cargos de bancos públicos para o PMDB.
Mantega avisou que não abre mão de alguns cargos estratégicos, como representações regionais da Receita Federal e do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados).
Outros cargos de interesse do PMDB são as representações estaduais ou regionais em bancos públicos, a exemplo da Caixa Econômica Federal. Os peemedebistas também querem delegacias regionais do Ministério da Agricultura.
Mas, atingido o objetivo de emplacar Lobão, o alvo agora são as presidências de Eletronorte e Eletrobrás, além de diretorias em Furnas e Eletrosul.
"Não é barganha. Estamos resolvendo coisas que foram prometidas e acordadas. Isso precisa ser materializado. Não tem deputado barganhando não", afirmou Múcio. Segundo ele, a indicação de Lobão era um pedido antigo do PMDB que precisava ser atendido.
A negociação de cargos em bancos públicos e estatais para peemedebistas é parte das articulações do governo para assegurar a aprovação da medida provisória que aumenta a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), além de matérias difíceis programadas para os próximos meses no Congresso, como a medida provisória que cria a nova TV pública.
Outras siglas pretendem tirar proveito das mudanças no setor elétrico e tentar nomear aliados. O PR tem demanda antiga na Chesf, estatal que cuida do fornecimento de luz no Nordeste, para o ex-governador do Ceará Lúcio Alcântara.
Já o PP agora pede uma diretoria de Itaipu para um aliado do deputado federal Dilceu Sperafico (PR). O posto mais visado é a Diretoria de Coordenação, hoje ocupada por um pedetista, Nelton Miguel Friedrich.
Muitos dos cargos que devem ser trocados pertencem a petistas, que começam a reagir. "O segundo escalão do setor elétrico, ainda mais no atual contexto, não é para aprendizes. É aí que mora o perigo", afirmou o deputado federal Fernando Ferro (PT-PE).


Colaborou VALDO CRUZ, da Sucursal de Brasília


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