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MOVIMENTO SEM TERRA, 25 ANOS
Terra produtiva cresce, mas maior parte continua com poucos
De 1992 a 2003, houve um salto de 73% no número de propriedades com mais de 2.00 hectares; já as áreas médias e pequenas tiveram um aumento de 46%
AFONSO BENITES
DA REDAÇÃO
Mesmo com o aumento na
quantidade de assentamentos
rurais e a atuação dos movimentos sociais para que o governo crie novos projetos, a
maior parte das terras ainda
permanece nas mãos de grandes agropecuaristas.
Os últimos dados do Dataluta
(banco de dados da luta pela
terra) apontam que entre 1992
e 2003, período que consta do
último censo agropecuário divulgado pelo IBGE, a área usada para a agricultura e pecuária
no país aumentou de 310 milhões de hectares para 418 milhões. No entanto, ela está concentrada nas mãos de um grupo
menor de pessoas.
Enquanto em 1992 existiam
2,9 milhões de propriedades
rurais com mais de 2.000 hectares, em 2003, esse número
saltou para 4,2 milhões, um
crescimento de 73%.
Por outro lado, a quantidade
de propriedades consideradas
médias e pequenas (inferiores a
2.000 hectares) registrou aumento de 46%.
A extensão da fronteira agrícola, a mecanização das atividades rurais e a expulsão dos
trabalhadores do campo são alguns dos fatores que, segundo o
coordenador-adjunto do Núcleo de Estudos, Projetos e Pesquisas em Reforma Agrária da
Unesp, Clifford Andrew Welch,
contribuíram para aumentar a
concentração de terras.
Para o pesquisador, o governo brasileiro tem falhado no
processo de reforma agrária.
"Como ainda há milhões de famílias querendo terra, pode-se
dizer que o que se chama de reforma agrária hoje é um tipo de
programa de assistência social
sem o apoio suficiente para
realmente viabilizar o pequeno
agricultor", analisa.
O cenário poderia ser pior se
os movimentos sociais não
pressionassem o governo para
que mais famílias fossem assentadas, avalia Welch.
"Falamos que a reforma
agrária nunca houve e, sem os
movimentos, não teria nem
20% das pessoas assentadas como estão hoje. Muito do que foi
conseguido em termos de criação de assentamentos é devido
a mobilização dos movimentos
sociais, como o MST", afirma o
pesquisador.
Nos últimos 30 anos, 7.841
assentamentos foram criados,
conforme os dados do Dataluta.
Em média, o governo federal
instituiu 261 projetos por ano
no período.
No entanto, entre 1979 e
1984, ano em que surgiu o MST,
a quantidade de assentados era
bem menor. Durante esse período, foram instituídos 528
novos projetos rurais para pequenos agricultores, uma média anual de 105.
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