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Metalúrgicos terão aulas sobre sindicalismo
Sindicato do ABC arrematou prédio por R$ 1,2 mi para abrigar curso; presidente nega abordagem eleitoral
Sergio Lima - 21.jan.09/Folha Imagem
![](../images/n1801201001.jpg) |
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Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Ponto de partida da trajetória política do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, o Sindicato
dos Metalúrgicos do ABC arrematou um prédio -por R$ 1,2
milhão- para abrigar um curso
de formação e qualificação dos
seus cerca de 100 mil filiados.
Destinado a contar a história
das negociações coletivas desde
a década de 80 -quando o sindicato foi presidido por Lula-
o curso terá início, em caráter
experimental, na semana seguinte ao Carnaval.
No último acordo coletivo,
com vigência de 2009 a 2011, as
montadoras cederam à reivindicação do sindicato de liberação do empregado um dia por
ano, sem desconto em folha,
para um curso de oito horas.
Cabe ao sindicato oferecer aulas e refeição.
Em 2010, o curso atenderá
120 alunos por semana, num
projeto-piloto. Mas a meta fixada para daqui a cinco anos é
reunir 650 trabalhadores por
dia em sala de aula. Antes, o novo prédio, que abrigava um curso supletivo, deverá ser demolido para uso do terreno de 1.180
metros quadrados.
Apesar da coincidência com
o calendário eleitoral, o presidente do sindicato, Sérgio Nobre, rechaça o risco de exploração política.
Além de "desmoralizar o programa", a abordagem eleitoral
seria desnecessária.
Segundo Nobre, os metalúrgicos continuariam a adorar
Lula "ainda que seu governo
fosse uma bosta".
"Se Lula tem 80% de apoio
no Brasil, entre os metalúrgicos
tem 200%. Não precisa pedir
nada para ninguém. Se dependesse dos metalúrgicos, ele seria presidente já em 1989", argumentou Nobre, alegando que
a aprovação da proposta consumiu seis anos de negociações.
Diretor do departamento de
formação do sindicato, Walter
de Souza explica que, inspirado
no modelo canadense, o curso
nasceu da constatação de que
mais da metade dos metalúrgicos do ABC tem pouco mais de
30 anos e desconhece a evolução do processo de negociação
com as fábricas.
Segundo Nobre, é preciso
que os trabalhadores valorizem
as conquistas e entendam que
elas "não vieram de graça". O
curso incluirá uma comparação
dos direitos dos metalúrgicos
com os de outras categorias.
"Se for olhar para o Brasil, a
maioria, 70% dos brasileiros,
ganha até dois salários mínimos. Uma merreca", disse Nobre, para quem uma vitória do
PSDB seria um retrocesso para
os movimentos sociais.
Doutora em ciências sociais e
educação, a professora Kimi
Tomikazi acompanhará o curso para consolidação de uma
base de dados sobre a categoria
metalúrgica no ABC. A pesquisa diz que contará com a participação de alunos da USP. "Essa formação viria para sensibilizar os trabalhadores sobre o
quanto a negociação, que fica
tão estratosférica, tem a ver
com o cotidiano deles e abrir as
portas para que se aproximem
do sindicato", diz Kimi.
Segundo Nobre, o sindicato
ainda não tem calculado o custo de todo o programa e poderá
pedir empréstimo ao BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)
para a construção do prédio.
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