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JUSTIÇA
Nelson Jobim fala em "segundo round" após resolução contra o nepotismo
Teto salarial do Judiciário
é nova prioridade do CNJ
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal) e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), ministro Nelson Jobim, anunciou ontem o "segundo round" da batalha contra os desembargadores
dos Tribunais de Justiça dos Estados para moralizar o Judiciário: o
desconto nos salários de quem recebe mais do que os R$ 24,5 mil
pagos aos ministros do STF.
Jobim considera o cumprimento do teto salarial do funcionalismo tão importante quanto o fim
do nepotismo, decidido anteontem pelo plenário do STF. Ele
quer resolvê-lo em março, antes
de se aposentar do cargo.
"Teremos um segundo round
em março, que será seguramente
a aprovação de uma resolução sobre o subsídio [remuneração dos
juízes] e o teto, ou seja, a sua aplicação nacionalmente."
Inicialmente, os ministros do
STF julgarão um mandado de segurança movido por quatro ministros aposentados do STF em
defesa do direito adquirido contra
o corte salarial. Depois, o CNJ editará norma sobre a aplicação do
teto para evitar brechas que permitam burlar o limite.
Na segunda-feira, Jobim terá a
última de uma série de reuniões
para negociar a aplicação da norma da Constituição que instituiu
o teto salarial para reduzir os gastos públicos com pessoal. Conversará com os ministros do Tribunal de Contas da União e representantes dos Tribunais de Contas dos Estados.
A grande resistência está nos
TJs. Em 14 de novembro, em um
encontro em São Luís, Jobim pediu aos presidentes desses órgãos
que informassem a composição
do salário dos desembargadores e
as leis que justificam cada parcela
da remuneração. Em 6 de fevereiro, o ministro se reuniu com eles e
cobrou o envio dessas informações por parte de 11 dos 27 TJs.
O julgamento do mandado de
segurança sobre o direito adquirido interessa a milhares de servidores públicos federais, estaduais
e municipais que ganham supersalários. Muitos já estão sujeitos
ao desconto da parcela que excede o teto, mas tentam derrubá-lo.
A decisão valerá diretamente para
os ministros aposentados, mas
servirá de referência para outros
casos semelhantes.
Já a resolução do CNJ irá disciplinar de forma minuciosa quais
verbas poderão ser pagas até o limite do teto e se haverá ou não
parcelas extrateto. O conselho dirá, por exemplo, se o juiz deve receber gratificação por trabalhar
na Justiça Eleitoral e se poderá
acumular a remuneração de magistrado com a de professor se der
aulas em universidade pública.
Em seguida, o CNJ irá editar
uma resolução esclarecendo em
detalhes a remuneração.
Pela Constituição, o salário de
um ministro do STF corresponde
ao teto salarial do funcionalismo,
e os desembargadores podem receber até 90,28% desse valor.
Atualmente, os ministros ganham R$ 24,5 mil. Portanto, os
novos desembargadores podem,
em tese, receber até R$ 22,118 mil.
Enquanto desembargadores
pressionam contra o corte, outros
juízes, que já têm a remuneração
vinculada à do STF, reivindicam a
volta da gratificação adicional por
tempo de serviço, que daria um
aumento de 35% para quem tem
35 anos de serviço.
Fortalecimento
O ministro Márcio Thomaz
Bastos (Justiça) e Jobim disseram
ontem que o CNJ saiu fortalecido
do julgamento do STF que confirmou a resolução do conselho contra o nepotismo. "A decisão do
Supremo é essencial para fortalecer o papel do CNJ como órgão de
planejamento, regulação e transparência do poder Judiciário",
disse Bastos.
Jobim admitiu que no CNJ houve dúvidas sobre o seu poder de
baixar normas como essa. "Confesso que dentro do CNJ houve
debates sobre a existência ou não
de poder regulamentar. Sustentei
sempre que ele tem esse poder."
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