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Poderes se unem para evitar intervenção federal no DF
Executivo e Legislativo querem impedir o desgaste de entregar comando do governo
Para a Procuradoria-Geral, autora do pedido, a política distrital está contaminada, incluindo o governador interino e a Câmara local
FILIPE COUTINHO
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em um dos raros momentos
de união na crise do mensalão
do DEM, políticos do governo e
da oposição, dos Poderes Executivo e Legislativo trabalham
para evitar a intervenção no
Distrito Federal.
As motivações são diversas,
mas todos têm um objetivo em
comum: evitar o desgaste de
entregar o governo a um interventor federal, medida inédita
desde a redemocratização.
Para a Procuradoria-Geral da
República, autora do pedido, a
política distrital está contaminada, incluindo o vice-governador Paulo Octávio (DEM), que
assumiu o governo desde a prisão de José Roberto Arruda
(sem partido), e a instância que
deveria investigar as irregularidades -a Câmara Legislativa.
Hoje, o centro das atenções é
a Câmara, uma vez que o presidente Wilson Lima (PR), amigo
de Arruda, seria o próximo na
linha sucessória. Há quem defenda cassar três distritais:
Leonardo Prudente (sem partido), Eurides Brito (PMDB) e
Júnior Brunelli (PSC), filmados recebendo dinheiro.
Essa seria uma maneira de
convencer o STF (Supremo
Tribunal Federal) de que a Câmara não está comprometida e,
portanto, que a intervenção é
desnecessária. O pedido da
Procuradoria ocorreu na quinta passada, mesmo dia da prisão de Arruda, e não tem prazo
para ser analisado.
Segundo a Folha apurou, outros cinco deputados investigados pediriam afastamento. Os
distritais também prometem
abrir hoje o processo de impeachment contra Arruda.
A missão de punir os distritais está no colo do deputado
Raimundo Ribeiro (PSDB), ex-secretário de Arruda.
Há ainda setores da área jurídica contra a intervenção. A
OAB (Ordem dos Advogados
do Brasil), por exemplo, antes
favorável à medida, diz agora
que ela pode ser "um remédio
amargo demais", uma vez que a
cidade "parece reagir".
Segundo o ex-presidente do
STF Maurício Corrêa, o fato de
os distritais estarem "reagindo" pode ser levado em conta
pelos ministros.
Pela Lei Orgânica do DF,
Wilson Lima (PR) e o vice da
Câmara Legislativa Cabo Patrício (PT) poderiam assumir o
governo. Para a Procuradoria,
porém, a linha sucessória é ilegal ao incluir o vice.
A intervenção é vista com relutância até mesmo dentro do
governo federal, que nomearia
o interventor. Em nome de
Paulo Octávio, a Procuradoria-Geral do DF fará a defesa no
Supremo contra a intervenção.
Também investigado no caso, Paulo Octávio está numa situação delicada no governo e,
para evitar a intervenção, já cogita renunciar ao cargo.
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