São Paulo, domingo, 18 de março de 2001

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GOVERNO

Goiano, maranhense e potiguar destinaram no

ano passado parcela significativa dos recursos à terra natal Ministros dão mais verba a seus Estados

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Titular da Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano (Sedu), o ministro Ovídio de Ângelis (PMDB) destinou a Goiás, seu Estado de origem, 23,3% das verbas distribuídas pela pasta em 2000. São R$ 11,6 milhões repassados diretamente a municípios.
Segunda colocada no ranking de Ovídio, a Bahia, que tem 415 municípios, recebeu R$ 5,9 milhões, metade do que foi destinado a Goiás, onde há 252 cidades.
O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra (PMDB), colocou seu Estado, o Rio Grande do Norte, entre os que mais receberam verbas em transferências diretas a municípios.
As cidades potiguares receberam R$ 24,3 milhões -9,92% dos recursos distribuídos por Bezerra. Trata-se do segundo lugar entre os municípios mais beneficiados com verbas da Integração Nacional, perdendo apenas para os mineiros, com R$ 27,53 milhões (11,21%).
O Rio Grande do Norte tem 166 municípios e 2,7 milhões de habitantes, contra 853 cidades e uma população de 17,8 milhões de pessoas em Minas Gerais.
No levantamento, elaborado pelo gabinete do deputado João Paulo Cunha (PT-SP) com base em dados do Tesouro Nacional e do Siafi (sistema informatizado de acompanhamento dos gastos federais), o maior desequilíbrio está nos repasses feitos para o Maranhão pelo ministro José Sarney Filho, do Meio Ambiente.
Maranhense e irmão da governadora Roseana Sarney, o ministro mandou para o governo daquele Estado 55,49% -R$ 12,7 milhões- das transferências voluntárias que realizou em 2000.
São recursos cuja destinação não está definida na Constituição, deixando-os mais sujeito à influência política. Outros R$ 10,8 milhões foram diretamente para as cidades maranhenses, o que corresponde a 23,12% do que Sarney Filho investiu em municípios de todo o Brasil.
"Não dá para crer que o Maranhão tenha metade dos problemas de meio ambiente do país", afirma o deputado João Paulo.
Com práticas similares no trato das verbas enviadas aos municípios, os peemedebistas adotaram critérios diferenciados na hora de distribuir entre os governadores as transferências voluntárias.
Ovídio liberou R$ 1 milhão -11% dos recursos da Sedu- para o governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo. Preferiu investir recursos em Santa Catarina. Administrado pelo PPB, o Estado levou R$ 2 milhões (21,72%).
Já Bezerra, que se elegeu para o Senado também impulsionado pelo slogan "O senador do Garibaldi", mandou R$ 48,3 milhões -13,3% do bolo- para o governador Garibaldi Alves, que, como ele, é do PMDB.
Ovídio de Ângelis é ligado ao senador Íris Rezende (PMDB-GO), cujo afilhado político senador Maguito Vilela (PMDB-GO) deverá disputar o governo de Goiás. Mas se Vilela optar por deixar o partido, como já ensaiou nas últimas eleições, e se candidatar por uma outra legenda, Ovídio entra como principal opção peemedebista no pleito.



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