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São Paulo, terça-feira, 18 de março de 2003

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AGENDA PETISTA

Segundo titular da Educação, presidente está insatisfeito com parte do ministério e dará "puxão de orelha" amanhã

Lula cobrará mudanças visíveis, diz Buarque

RICARDO WESTIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Cristovam Buarque (Educação) disse ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não está satisfeito com parte de seu ministério que estaria produzindo pouco. Segundo Buarque, o motivo do descontentamento de Lula é que, dois meses e meio depois de assumir a Presidência, poucas mudanças são visíveis.
"O presidente quer que os ministros produzam mais. Ele acha que alguns ministros estão demorando a produzir", disse o ministro, sem especificar quais ministros e quais áreas estariam gerando descontentamento a Lula.
A declaração de Buarque ocorreu ontem à noite no Ministério da Justiça, depois de assinar um protocolo com a secretária Emília Fernandes (Direitos da Mulher) para viabilizar a alfabetização das mães beneficiadas pelo programa Bolsa-Escola.
"O presidente Lula quer que nós [os ministros] façamos mais programas assim", acrescentou ele, referindo-se ao programa de incentivo à alfabetização.
Buarque também deu a entender que Lula fará esse pedido a seus ministros na reunião ministerial de amanhã, na Granja do Torto. Questionado se Lula estaria descontente com ele, Buarque disse: "Ele não vai me dar puxão de orelha, porque já deu".
O presidente ouviu do ministro que, pelo menos na pasta da Educação, os resultados devem aparecer logo. "Nós vamos produzir mais", afirmou o ministro
O "puxão de orelha" aconteceu no sábado durante a viagem de Lula e Buarque a São Paulo. Os dois participaram da reunião do Diretório Nacional do PT.
O ministro da Educação negou que tenha defendido a ampliação do Bolsa-Escola em detrimento do programa Fome Zero:
"Não há a menor possibilidade [de o Bolsa-Escola existir em detrimento do Fome Zero]. O Bolsa-Escola é uma maneira de erradicar a fome e, portanto, faz parte do Fome Zero. É uma parte intrínseca [do Fome Zero]".
Na quarta-feira passada, Buarque havia sugerido a criação do que ele chamou de "Fome Zero Já", um aumento no valor das bolsas do programa, de R$ 30 para R$ 50 por família. Isso, segundo ele, custaria metade do valor que o governo gastaria com a distribuição dos cartões-alimentação do Fome Zero. A declaração foi reprovada por Lula e também fez parte do "puxão de orelha" dado no vôo entre Brasília e São Paulo.
Além de negar que tenha divergências com o ministro José Graziano (Segurança Alimentar), Buarque que defendeu o colega, que vem sendo alvo de críticas, vindas de fora e de dentro do próprio governo, por uma suposta demora em atender à população carente com o Fome Zero: "Acho até que está indo depressa demais. Já esperamos 500 anos. O presidente Lula, em [mais de] dois meses de governo, fez mais que [foi feito] em 500 anos. Basta dizer que ele trouxe [o problema da fome] para mesa".
E concluiu: "Claro que [a suposta demora] não é motivo para tirar Graziano. Isso só a imprensa fala. A gente precisa de mais Grazianos neste governo".
Oficialmente, a pauta da reunião ministerial de amanhã é a discussão do PPA (Plano Plurianual), em que os ministros vão apresentar as mudanças que tiveram que fazer em suas pastas e programas depois do corte de R$ 14 bilhões no Orçamento.
Por causa da reunião, Buarque teve de adiar o encontro que teria na Espanha esta semana com o jogador Ronaldo, que se ofereceu para ajudar no programa de erradicação do analfabetismo.


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