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AGENDA PETISTA
Segundo titular da Educação, presidente está insatisfeito com parte do ministério e dará "puxão de orelha" amanhã
Lula cobrará mudanças visíveis, diz Buarque
RICARDO WESTIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Cristovam Buarque
(Educação) disse ontem que o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva não está satisfeito com parte de
seu ministério que estaria produzindo pouco. Segundo Buarque, o
motivo do descontentamento de
Lula é que, dois meses e meio depois de assumir a Presidência,
poucas mudanças são visíveis.
"O presidente quer que os ministros produzam mais. Ele acha
que alguns ministros estão demorando a produzir", disse o ministro, sem especificar quais ministros e quais áreas estariam gerando descontentamento a Lula.
A declaração de Buarque ocorreu ontem à noite no Ministério
da Justiça, depois de assinar um
protocolo com a secretária Emília
Fernandes (Direitos da Mulher)
para viabilizar a alfabetização das
mães beneficiadas pelo programa
Bolsa-Escola.
"O presidente Lula quer que nós
[os ministros] façamos mais programas assim", acrescentou ele,
referindo-se ao programa de incentivo à alfabetização.
Buarque também deu a entender que Lula fará esse pedido a
seus ministros na reunião ministerial de amanhã, na Granja do
Torto. Questionado se Lula estaria descontente com ele, Buarque
disse: "Ele não vai me dar puxão
de orelha, porque já deu".
O presidente ouviu do ministro
que, pelo menos na pasta da Educação, os resultados devem aparecer logo. "Nós vamos produzir
mais", afirmou o ministro
O "puxão de orelha" aconteceu
no sábado durante a viagem de
Lula e Buarque a São Paulo. Os
dois participaram da reunião do
Diretório Nacional do PT.
O ministro da Educação negou
que tenha defendido a ampliação
do Bolsa-Escola em detrimento
do programa Fome Zero:
"Não há a menor possibilidade
[de o Bolsa-Escola existir em detrimento do Fome Zero]. O Bolsa-Escola é uma maneira de erradicar a fome e, portanto, faz parte
do Fome Zero. É uma parte intrínseca [do Fome Zero]".
Na quarta-feira passada, Buarque havia sugerido a criação do
que ele chamou de "Fome Zero
Já", um aumento no valor das bolsas do programa, de R$ 30 para
R$ 50 por família. Isso, segundo
ele, custaria metade do valor que
o governo gastaria com a distribuição dos cartões-alimentação
do Fome Zero. A declaração foi
reprovada por Lula e também fez
parte do "puxão de orelha" dado
no vôo entre Brasília e São Paulo.
Além de negar que tenha divergências com o ministro José Graziano (Segurança Alimentar), Buarque que defendeu o colega,
que vem sendo alvo de críticas,
vindas de fora e de dentro do próprio governo, por uma suposta
demora em atender à população
carente com o Fome Zero: "Acho
até que está indo depressa demais. Já esperamos 500 anos. O
presidente Lula, em [mais de]
dois meses de governo, fez mais
que [foi feito] em 500 anos. Basta
dizer que ele trouxe [o problema
da fome] para mesa".
E concluiu: "Claro que [a suposta demora] não é motivo para tirar Graziano. Isso só a imprensa
fala. A gente precisa de mais Grazianos neste governo".
Oficialmente, a pauta da reunião ministerial de amanhã é a
discussão do PPA (Plano Plurianual), em que os ministros vão
apresentar as mudanças que tiveram que fazer em suas pastas e
programas depois do corte de R$
14 bilhões no Orçamento.
Por causa da reunião, Buarque
teve de adiar o encontro que teria
na Espanha esta semana com o jogador Ronaldo, que se ofereceu
para ajudar no programa de erradicação do analfabetismo.
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