São Paulo, quinta-feira, 18 de março de 2004

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PAINEL

Momento a dois
José Dirceu e Antonio Palocci encontraram-se pouco antes do embarque do ministro da Fazenda para Londres. Teriam selado um armistício. O primeiro não se meteria mais na economia. O segundo, na política -ainda que o tiroteio tenha sido iniciado pelo outro lado.

Guia genial
A louvação de aniversário para José Dirceu deixou claro que o ministro-chefe da Casa Civil pode ter perdido alguma força no governo, mas continua a ter controle absoluto sobre o PT.

Efeitos especiais
Curiosos os petistas. José Genoino condena o PL por ter alvejado Palocci, movimento iniciado pelo PT. Dirceu garante que a política econômica será mantida, enquanto todos enxergam seu dedo no botão que fez subir o volume das críticas à Fazenda.

Dedo de prosa
Emissários de Lula, entre eles Aldo Rebelo, foram ao Palácio do Jaburu na tentativa de ganhar o vice José Alencar para a ingrata missão de manter os ataques do PL em níveis toleráveis.

Muy amigo
Os 25 deputados que se inscreveram para falar em reunião ontem da bancada do PMDB discursaram contra o Planalto. Nenhuma gota de refresco a Lula.

Terreno conhecido
As manifestações de tucanos pró-Palocci coincidem com o desejo do governo de negociar mais com PSDB e PFL no Congresso em determinadas votações. O Planalto acha que os "Estados inimigos" podem ser mais confiáveis do que as "células terroristas" da base aliada.

Palco retirado
Foi cancelada a reunião de hoje entre a bancada petista na Câmara e o presidente do partido, José Genoino. Oficialmente, por incompatibilidade de agendas. Deputados prometiam novas críticas à política econômica.

A hora é agora
O governo deve apresentar até sexta uma proposta oficial de aumento aos agentes da PF. Avalia que a greve foi enfraquecida pela decisão dos policiais de suspender a operação-padrão nos aeroportos, o que contribuiria para uma boa receptividade ao reajuste a ser oferecido.

Não colou
Do ex-deputado Sergio Naya ao ser preso, segundo um dos policiais federais que participaram da operação no aeroporto de Porto Alegre: "Ué, mas vocês não estavam em greve?".

Torre de Babel
Um parlamentar que participou da reunião de anteontem entre o ministro Aldo Rebelo e a base aliada no Senado garante: não havia ali dois senadores que tivessem a mesma opinião a respeito de qualquer assunto.

Senado vulnerável
Pouco antes do Carnaval, Heráclito Fortes (PFL-PI) sacava dinheiro em caixa eletrônico do Senado quando foi abordado por uma pessoa que se dizia em liberdade condicional. Acuado, o senador entregou R$ 50 ao homem, que afirmava estar "desempregado e desesperado".

Esforço compensado
O lobby dos empresários ligados à Confederação Nacional da Indústria conseguiu aprovar 67,8% das 401 propostas que defendeu no Congresso entre 1996 e 2003. O dado consta de pesquisa a ser divulgada hoje pelo site www.congressoemfoco.com.br.

Na berlinda
Em conversa com deputados estaduais tucanos, o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) admitiu pela primeira vez disputar a Prefeitura de Belo Horizonte. O partido o pressiona a aceitar a candidatura para evitar que Aécio Neves apóie o prefeito Fernando Pimentel, do PT.

TIROTEIO

Do deputado tucano Luiz Carlos Hauly (PR), sobre as informações de que Zeca Dirceu, filho do ministro José Dirceu, foi beneficiado pelo parentesco ao conseguir liberação de recursos do governo federal:
-O governo do PT acaba de inventar o "nepoliberalismo". Com a anuência do Planalto e do ministro Waldir Pires, que acham natural as andanças do filho de José Dirceu.

CONTRAPONTO

Antes do dilúvio

O governador de Minas, Aécio Neves, participou anteontem em Belo Horizonte da entrega do Prêmio Luís Eduardo Magalhães, feita pelo Instituto Tancredo Neves, ligado ao PFL.
O tucano recebeu uma homenagem em nome de seu avô, lembrado na passagem dos 20 anos do "compromisso com a nação", documento no qual dissidentes da Arena abraçaram a aliança pelo restabelecimento da democracia.
Durante seu discurso, Aécio fez referência aos quatro signatários do documento:
-Quero lembrar dos nomes de meu saudoso avô, Tancredo Neves, de nossos saudosos Ulysses Guimarães e Aureliano Chaves e de Marco Maciel, que ainda está entre nós.
Encerrada a festa, o ex-vice-presidente da República e hoje senador (PFL-PE) protestou:
-Do jeito que ele falou, fiquei me sentindo um Matusalém.


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