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UNIÃO X ESTADOS
Planalto vai pagar mais R$ 320 milhões por ano a governos estaduais e prefeituras por contribuição dos combustíveis
Governo cede e amplia repasse de recursos
GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Planalto teve de ceder à pressão de governadores e prefeitos e
elevar em R$ 320 milhões anuais o
repasse de recursos federais a Estados e municípios. A concessão
foi feita para desbloquear a pauta
da Câmara e permitir a votação de
projetos prioritários do governo.
Em reunião dos líderes partidários na Câmara ontem, foi aprovada uma modificação na MP
(medida provisória) que determina a partilha com Estados e municípios da arrecadação da Cide,
contribuição cobrada pela União
sobre a venda de combustíveis.
Pelo acordo, o percentual de repasse foi elevado de 25% para
29%. Em valores absolutos, a perda de recursos do Tesouro Nacional passa de R$ 2 bilhões para R$
2,32 bilhões ao ano. Alterada, a
MP foi aprovada sem seguida.
Não chega a ser uma sangria no
Orçamento da União, cujas receitas estão no patamar de US$ 400
bilhões. Mas ficou demonstrado
que governadores e prefeitos tendem a elevar suas exigências para
manter o apoio ao governo Luiz
Inácio Lula da Silva -têm apoio
da oposição e de setores governistas no Congresso para tanto.
A partilha da Cide foi acertada
no ano passado, durante as negociações da reforma tributária. Depois do apoio dado às reformas
previdenciária e tributária, os governadores, em especial, e os prefeitos voltaram a pressionar por
novas concessões federais após a
edição da MP da Cide, em janeiro.
No acordo de ontem, a principal
preocupação do governo foi esvaziar o pleito dos Estados por uma
nova renegociação das dívidas,
que foi defendido por Lula durante a campanha e hoje é tido como
inadmissível pela equipe econômica. No início de seu governo,
Lula teve trabalho para convencer
governadores e prefeitos a desistirem da reivindicação. A pressão
ameaça ganhar novo impulso
agora -o senador Ney Suassuna
(PMDB-PB) apresentou recentemente novo projeto sobre o tema.
Para viabilizar o aumento do repasse da Cide sem mexer nos
acordos da dívida, o governo foi
obrigado a recorrer a uma saída
heterodoxa: prometer uma mudança constitucional para aprovar uma simples MP.
É que o percentual de 25% para
a partilha da receita do tributo está fixado na emenda constitucional da reforma tributária, aprovada no final de 2003 após ter sido
dividida em duas partes -ou fatiada, como se diz no Congresso.
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