São Paulo, sábado, 18 de março de 2006

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CONCLUSÕES

Relator diz que pedirá indiciamento de Dirceu

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Entre as mais de cem pessoas que terão seu indiciamento pedido pela CPI dos Correios, o relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), afirmou que estará o ex-ministro e deputado cassado José Dirceu, por corrupção ativa e tráfico de influência.
Segundo o relator, ele se baseará nos episódios descritos pelo também deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ), segundo o qual Dirceu era o mentor do esquema do "mensalão", para pedir sua condenação ao Ministério Público Federal.
"Tínhamos uma conduta repreensível no Congresso, de interesse do governo, e alguém comandava isso", afirmou Serraglio. "Se havia ocupação de diretorias como instrumento de facilitação econômica para partidos políticos, eu não posso passar à frente desses fatos", acrescentou.
Dirceu afirmou ontem que não há provas para indiciá-lo e que, se isso acontecer, será absolvido. "Estou sendo investigado desde agosto de 2005 e não há nenhuma prova contra mim. Tenho certeza de que serei absolvido", disse ele.
A apresentação do relatório final da CPI, que estava prevista para terça-feira, deve ser adiada para o dia 29. Os parlamentares estão com dificuldade em consolidar a tempo os dados das investigações.
Serraglio também afirmou que pedirá o indiciamento do ex-ministro Luiz Gushiken (Comunicação de Governo) devido a supostas irregularidades em contratos de publicidade de estatais, que eram supervisionados pela Secom. Gushiken, hoje chefe do NAE (Núcleo de Assuntos Estratégicos), tem negado as acusações afirmando que não tinha o papel de fiscalizar a execução de contratos, mas apenas o de traçar estratégias de comunicação.
O relator disse ainda que mantém a decisão de incluir no documento que Jefferson avisou ao presidente Lula do suposto esquema do "mensalão" antes do escândalo vir à tona. "O presidente Lula determinou que fossem tomadas providências", disse Serraglio, referindo-se ao suposto pedido feito ao então ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política) e ao então presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), para que investigassem o caso.
Ao final de dez meses de trabalho, Serraglio afirmou que está decepcionado com o Congresso. "Eu tinha outra visão, não sabia dessa promiscuidade", afirmou o deputado, que pretende propor a criação de uma comissão permanente no Congresso para investigar casos de corrupção.


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