São Paulo, sábado, 18 de março de 2006

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PALOCCI EM APUROS

Presidente atribui novas denúncias contra ministro da Fazenda, a quem ele garante que não irá demitir, a desejo da oposição por "desastre"

"Resolveram mexer na economia", diz Lula

MICHELE OLIVEIRA
ENVIADA ESPECIAL A ITAJAÍ

THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO FRANCISCO DO SUL

Após pressão da oposição para a saída do ministro Antonio Palocci (Fazenda), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou ontem, em Santa Catarina, que o ministro tenha pedido demissão. Disse ainda que, se Palocci tivesse pedido, ele não teria aceitado. O presidente ainda acusou a oposição de querer "mexer na economia brasileira" para deixar o Brasil "numa situação muito ruim".
O presidente, que visitou três cidades catarinenses ontem, creditou o "sucesso" da política econômica a Palocci e criticou a oposição, ao dizer que "algumas pessoas" torcem para que tenha "um desastre no Brasil".
"A situação fica como está. O Palocci tem responsabilidade pelas coisas boas que aconteceram na economia nacional. Lamentavelmente parece que tem algumas pessoas que torcem para que o Brasil não dê certo, para que tenha um desastre no Brasil", disse a jornalistas em Itajaí, após seu segundo compromisso na cidade.
Antes, em São Francisco do Sul, o presidente disse ,sem citar Palocci, que "resolveram mexer com a economia brasileira". "Eu só posso entender que o tipo de comportamento é para dizer o seguinte: "Esses meninos não podem dar certo até o final do ano. Nós temos que chegar até o fim do ano com o Brasil numa situação muito ruim"."
A defesa de Palocci veio após uma semana na qual surgiram novas denúncias contra ele. Anteontem, na CPI dos Bingos, o caseiro Francenildo dos Santos Costa voltou a acusar o petista de freqüentar a "casa do lobby", em Brasília, o que Palocci nega.
"Vamos continuar, eu e Palocci, com a mesma serenidade e com o mesmo trabalho que estamos fazendo", disse o presidente em Itajaí. Em seguida, foi questionado se o ministro tinha pedido demissão, ao que Lula respondeu negativamente. E emendou: "Se ele tivesse pedido, eu não aceitava".
Ainda em tom de elogios ao ministro, o presidente afirmou que "o sucesso da política econômica se deve a todo o governo, mas, sobretudo, à sobriedade e à serenidade do Palocci".
Sem mencionar o crescimento do país de 2,3% em 2005, metade da média mundial, Lula disse que a política econômica "precisa de muito ajuste", mas que é "sólida" e está permitindo "que as pessoas confiem no nosso país".

Oposição
Em São Francisco do Sul, onde, assim como em Itajaí, visitou obras portuárias, Lula pediu à oposição que não atrapalhe o governo, porque, segundo ele, os prejudicados serão os trabalhadores. "É justo, é democrático fazer oposição. Mas política tem que fazer com a cabeça, não com o esôfago. Pelo amor de Deus, permitam que a gente conclua o nosso trabalho. Não atrapalhem, porque quem vai perder vai ser o povo trabalhador do nosso país."
No discurso na cidade, Lula já havia elogiado o ministro. "Eu devo muito, devo muito, mas muito de tudo que nós fizemos a um homem chamado Antonio Palocci. Muito", afirmou Lula. "Não é economista, é médico, e exatamente por isso ele ganhou respeitabilidade no mundo inteiro, pela sobriedade e pela seriedade no trato com as questões econômicas."
Lula voltou a se comparar a Juscelino Kubitschek, segundo ele, "o mais importante presidente que o país já teve".
"Vocês estão assistindo àqueles capítulos daquele especial [na TV Globo] sobre o JK? Se fosse transportando para hoje, vocês iam perceber que era a mesma coisa. Tem um tipo de político que quer trabalhar e fazer e tem um tipo que não quer que você faça."
Junto ao governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC), à senadora Ideli Salvatti (PT-SC) e ao secretário da Pesca, José Fritsch, Lula visitou obras nos portos de São Francisco do Sul e Itajaí, onde ainda batizou um barco pesqueiro construído com recursos do programa Profrota Pesqueira. Ele ainda esteve ontem em Florianópolis, onde se encontrou com sua filha, Lurian.


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