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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PALOCCI EM APUROS
Presidente atribui novas denúncias contra ministro da Fazenda, a quem ele garante que não irá demitir, a desejo da oposição por "desastre"
"Resolveram mexer na economia", diz Lula
MICHELE OLIVEIRA
ENVIADA ESPECIAL A ITAJAÍ
THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO FRANCISCO DO SUL
Após pressão da oposição para a
saída do ministro Antonio Palocci
(Fazenda), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou ontem, em
Santa Catarina, que o ministro tenha pedido demissão. Disse ainda
que, se Palocci tivesse pedido, ele
não teria aceitado. O presidente
ainda acusou a oposição de querer "mexer na economia brasileira" para deixar o Brasil "numa situação muito ruim".
O presidente, que visitou três cidades catarinenses ontem, creditou o "sucesso" da política econômica a Palocci e criticou a oposição, ao dizer que "algumas pessoas" torcem para que tenha "um
desastre no Brasil".
"A situação fica como está. O
Palocci tem responsabilidade pelas coisas boas que aconteceram
na economia nacional. Lamentavelmente parece que tem algumas
pessoas que torcem para que o
Brasil não dê certo, para que tenha um desastre no Brasil", disse
a jornalistas em Itajaí, após seu segundo compromisso na cidade.
Antes, em São Francisco do Sul,
o presidente disse ,sem citar Palocci, que "resolveram mexer com
a economia brasileira". "Eu só
posso entender que o tipo de
comportamento é para dizer o seguinte: "Esses meninos não podem dar certo até o final do ano.
Nós temos que chegar até o fim do
ano com o Brasil numa situação
muito ruim"."
A defesa de Palocci veio após
uma semana na qual surgiram
novas denúncias contra ele. Anteontem, na CPI dos Bingos, o caseiro Francenildo dos Santos Costa voltou a acusar o petista de freqüentar a "casa do lobby", em
Brasília, o que Palocci nega.
"Vamos continuar, eu e Palocci,
com a mesma serenidade e com o
mesmo trabalho que estamos fazendo", disse o presidente em Itajaí. Em seguida, foi questionado
se o ministro tinha pedido demissão, ao que Lula respondeu negativamente. E emendou: "Se ele tivesse pedido, eu não aceitava".
Ainda em tom de elogios ao ministro, o presidente afirmou que
"o sucesso da política econômica
se deve a todo o governo, mas, sobretudo, à sobriedade e à serenidade do Palocci".
Sem mencionar o crescimento
do país de 2,3% em 2005, metade
da média mundial, Lula disse que
a política econômica "precisa de
muito ajuste", mas que é "sólida"
e está permitindo "que as pessoas
confiem no nosso país".
Oposição
Em São Francisco do Sul, onde,
assim como em Itajaí, visitou
obras portuárias, Lula pediu à
oposição que não atrapalhe o governo, porque, segundo ele, os
prejudicados serão os trabalhadores. "É justo, é democrático fazer
oposição. Mas política tem que fazer com a cabeça, não com o esôfago. Pelo amor de Deus, permitam que a gente conclua o nosso
trabalho. Não atrapalhem, porque quem vai perder vai ser o povo trabalhador do nosso país."
No discurso na cidade, Lula já
havia elogiado o ministro. "Eu devo muito, devo muito, mas muito
de tudo que nós fizemos a um homem chamado Antonio Palocci.
Muito", afirmou Lula. "Não é economista, é médico, e exatamente
por isso ele ganhou respeitabilidade no mundo inteiro, pela sobriedade e pela seriedade no trato
com as questões econômicas."
Lula voltou a se comparar a Juscelino Kubitschek, segundo ele,
"o mais importante presidente
que o país já teve".
"Vocês estão assistindo àqueles
capítulos daquele especial [na TV
Globo] sobre o JK? Se fosse transportando para hoje, vocês iam
perceber que era a mesma coisa.
Tem um tipo de político que quer
trabalhar e fazer e tem um tipo
que não quer que você faça."
Junto ao governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC), à
senadora Ideli Salvatti (PT-SC) e
ao secretário da Pesca, José
Fritsch, Lula visitou obras nos
portos de São Francisco do Sul e
Itajaí, onde ainda batizou um barco pesqueiro construído com recursos do programa Profrota Pesqueira. Ele ainda esteve ontem em
Florianópolis, onde se encontrou
com sua filha, Lurian.
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