São Paulo, domingo, 18 de abril de 2004

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TODA MÍDIA

Diamantes

NELSON DE SÁ

A Globo News entrou com a história à meia-noite:
- Corpos de garimpeiros são encontrados em Rondônia.
O que na semana havia soado como fantasia de garimpeiros ganhava contorno de chacina, com dezenas de corpos.
Para a Globo News, "é um dos maiores massacres da região, onde garimpeiros e índios estão em conflito por causa de jazidas de diamante na reserva, as maiores do Brasil".
A informação foi da Polícia Militar de Rondônia. De manhã, a Polícia Federal não acreditava, ainda. Na estatal Agência Brasil, o superintendente da PF em Rondônia tratava a notícia por "especulação":
- A PM não tem autorização para atuar na área.
Não era especulação, como a Funai afirmou depois, na Globo, dizendo ter encontrado "por volta de 20" corpos.
A emissora reafirmou que por trás do conflito está a "disputa por uma mina de diamantes descoberta em 2001".
Agências registraram que, se por um lado os garimpeiros atuam ilegalmente na reserva, por outro existem caciques que enriqueceram cobrando pelo acesso aos diamantes.
 
Na semana, jornais de todo o mundo deram a informação dos garimpeiros de que até 35 deles teriam morrido, mas também a notícia da tortura de um índio pelos garimpeiros.
Sites ambientalistas foram além e responsabilizaram Lula. Do Oneworld.net:
- Violência explode no Brasil enquanto o governo Lula trai os povos indígenas.
Para a ONG Survival Int., em declaração registrada pela BBC Brasil e por vários sites:
- Apesar de compromissos claros na campanha eleitoral, de defender os direitos dos índios, Lula não enfrentou problemas graves que agora levam a uma explosão dos confrontos.
Mas a Survival não cedeu, quanto aos índios. Os mesmos garimpeiros mortos seriam "responsáveis pelo assassinato de muitos índios cinta-larga em 2003, na reserva".
E o índio torturado só estaria vivo por causa da "intervenção da polícia".
 
Às vésperas do Dia do Índio, correm pelo mundo notícias em favor dos indígenas brasileiros. O "Washington Post" publicou uma extensa reportagem sobre o suicídio dos kaiowás.
Relatou o mais recente deles, de Jaqueline, 13:
- Ela brincava com o irmão bebê, cantava enquanto lavava os pratos. Mas então, antes do meio-dia, Jaqueline subiu em sua cama, prendeu uma corda de nylon no teto e em volta do pescoço. E pulou.
O suicídio recorrente dos kaiowás, segundo o jornal, se deve à tomada de suas terras por posseiros.

SOLDADO BUSH

George W. Bush nunca foi a uma guerra, mas já pode dizer que pegou em armas, pelo menos virtualmente. O site miniclip.com, apoiado por comerciais republicanos, tem como destaque o game "Bush Shoot-Out". A fase inicial traz o presidente sozinho na Casa Branca, reagindo com metralhadora à invasão por terroristas.
A publicidade de sua campanha, que surge colada ao game, como destacou o "Washington Post", mostra o democrata John Kerry supostamente defendendo "abandonar os soldados" dos Estados Unidos no Iraque.

Nova Jersey
A revista "Época" encontrou a ex-ministra Benedita da Silva em Nova Jersey (EUA), onde ela estuda inglês e fala a grupos evangélicos locais. Sobre o caso Waldomiro, declarou:
- Acho que está tudo muito esclarecido, principalmente no que diz respeito a mim. Ele já era do quadro do governo (do Rio, quando ela assumiu). O assunto está encerrado.

Não caiu
A revista "Veja" diz que uma pesquisa feita na última semana mostra que, "pela primeira vez desde janeiro, a popularidade do presidente Lula não caiu".

Plano de ataque
A agência Associated Press, na sexta, estragou a festa que o "Washington Post" e a rede CBS haviam preparado para hoje, para o novo livro do jornalista Bob Woodward (de Watergate) sobre George W. Bush, "Plan of Attack", plano de ataque.
O "Post" correu para adiantar, ontem, trechos do livro. E a CBS deu na sexta partes da entrevista de Woodward ao "60 Minutes", que vai ao ar hoje.
Mas a AP já tinha informado ao mundo a revelação que mais importava -que Bush pediu um plano de invasão do Iraque logo após o 11/9 e que o esforço diplomático na ONU não teria passado de jogo de cena.

Conspiração
A oferta da União Européia ao Mercosul, de favorecimento na compra de produtos agrícolas, abriu uma barragem de pressões ainda não muito claras.
O "Financial Times" atacou, em reportagens e editorial. Em seguida, reportagens e editorial da revista "The Economist" ecoaram que é golpe da UE para manter seus subsídios agrícolas nas negociações da Organização Mundial do Comércio.
Para a revista, "o Mercosul conspira com a UE".

Propostas
Segundo a Agência Brasil, as propostas de UE e Mercosul vão ser apresentadas publicamente hoje, em Buenos Aires.

Reação
Os EUA reagiram às conversas UE/Mercosul convidando Brasil e outros para retomar em nível ministerial as negociações sobre produtos agrícolas na OMC.
Segundo o indiano "Economic Times", a Índia avisou que será difícil comparecer. Já a África do Sul confirmou presença, diz o sul-africano "Business Day".

A Índia vem aí
O indiano Deepikaglobal.com noticiou que em junho chega ao Brasil "missão de alto nível" da Índia, para ver "oportunidades comerciais e industriais".


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