São Paulo, sábado, 18 de abril de 1998

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PM é afastada no Pará para evitar confronto

ESTANISLAU MARIA
em Eldorado do Carajás

A Secretaria da Segurança do Pará evitou acionar a Polícia Militar ontem e mandou policiais civis à rodovia PA-150 para acompanhar as manifestações dos sem-terra de Eldorado do Carajás.
A medida foi tomada para impedir provocações e um novo confronto entre PMs e militantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), dois anos após o massacre.
Além disso, há três semanas, dois líderes sem terra foram assassinados durante a desocupação da fazenda Goiás 2, na região. Onze PMs -dez deles envolvidos no massacre- foram punidos administrativamente por participar da desocupação.
Trinta policiais participaram da operação. A estrada não foi bloqueada e não houve confrontos.
Segundo a polícia, cerca de 500 pessoas participaram da missa, entre agricultores dos quatro assentamentos e das três invasões na região, sindicalistas, religiosos e estudantes. O MST calculou em 600 o número de manifestantes.
Na capital Belém, 3.000 pessoas (segundo a PM) protestaram em frente à Basílica de Nazaré, no centro da cidade.
O delegado Lauriston Góes, da Delegacia de Conflitos Agrários do Pará, pediu ontem a prisão preventiva dos 11 fazendeiros acusados pelos assassinatos de dois líderes sem terra durante a desocupação da fazenda Goiás 2. Os fazendeiros tinham prisão temporária decretada. Os 11 PMs que atuaram no caso foram inocentados.
O delegado concluiu ontem o inquérito e indiciou os 11 fazendeiros por homicídio culposo (sem a intenção de matar), cuja pena varia de 12 a 30 anos. O crime ocorreu em 26 de março, quando, ao final da desocupação negociada, os líderes sem terra Valentin Serra e Onalício de Araújo Barros foram mortos a tiros.
O inquérito foi entregue à juíza de Parauapebas, Maria Vitória Torres do Carmo, que decidirá sobre os pedidos de prisão. Por enquanto está em prisão temporária Carlos Antônio da Costa, dono da Goiás 2, que se apresentou esta semana, negando atuação no crime.



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