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QUESTÃO AGRÁRIA
Punks começaram a confusão, que envolveu PMs e sem-terra
Manifestação do MST em
SP acaba com seis feridos
BERNARDINO FURTADO
da Reportagem Local
Cerca de 3.000
manifestantes
do MST, da
CUT (Central
Única dos Trabalhadores) e da
CMP (Central
de Movimentos Populares) entraram em confronto com policiais
do Batalhão de Choque da PM em
frente à Bovespa (Bolsa de Valores
de São Paulo, no centro da capital
paulista ontem.
Segundo a PM, o estopim do
conflito foi o avanço de um grupo
de punks contra a linha de policiais que protegiam o prédio de
eventuais conflitos durante protesto pelo aniversário da morte
dos sem-terra do Pará.
O conflito se generalizou e a PM
usou cães, cassetetes, bombas de
gás e de efeito moral. Os manifestantes responderam com paus e
pedras. Havia 160 PMs no local,
metade deles do Choque.
Segundo o coronel PM Marcos
Alcântara, três policiais, um deles
com suspeita de fratura do punho
e os demais com escoriações leves,
e três manifestantes saíram feridos
do confronto na Bovespa.
As 19 cruzes de madeira que simbolizavam os sem-terra mortos há
dois anos em Eldorado do Carajás
(PA) viraram armas de ataque
contra os policiais. Delweck Mateus e Gilmar Mauro, líderes do
MST se revezaram no microfone
do carro de som para tentar conter
os cerca de 50 manifestantes que
insistiram em atirar paus e pedras
contra os policiais.
Esse primeiro confronto durou
cerca de dez minutos e aos poucos
os manifestantes foram retomando o calçadão em frente à Bovespa.
O clima, porém, continuou tenso.
Por cinco vezes os policiais usaram os cães para afastar os militantes. Cerca de 15 minutos depois
da trégua, estourou uma nova escaramuça: mais cinco minutos de
bombas de gás lacrimogênio, paus
e pedras.
Quando a calma voltou, os manifestantes marcharam até a praça
Ramos de Azevedo, onde fizeram
uma assembléia e se dispersaram
às 18h. Eles aprovaram uma agenda de manifestações, com destaque para a instalação de acampamentos de desempregados em
frente a supermercados nas grandes cidades.
O MST prometeu distribuir hoje
dois caminhões de alimentos produzidos em assentamentos do Estado para a população carente.
A manifestação liderada pelo
MST começou ao meio-dia na praça da Sé. Antes do início da passeata em direção ao prédio da Bovespa, ocorreu o primeiro incidente
com os punks. Um deles carregava
um bola de bilhar dentro de um
meião, um bastão de ferro e uma
faca de cozinha, que foram
apreendidos pela PM.
"Vamos até a Bolsa, que é um
cassino onde os jogadores sempre
ganham e o povo só perde", disse
Gilmar Mauro. Ele assegurou que
o MST não pretendia invadir a Bovespa, mas apenas fazer um ato
simbólico.
Já Mateus, vestindo camisa social e gravata, entrou no prédio da
Bovespa e desfraldou a bandeira
do MST no pregão.
Acusados pela PM e pelo próprio
MST de terem causado o tumulto
na frente da Bovespa, os cerca de
20 punks se retiraram da manifestação contrariados.
Um dos líderes do grupo, que se
identificou como Teófilo Lourenço, 23, disse que "ninguém deu
apoio aos punks quando eles começaram a apanhar da polícia".
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