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Investigação envolve Grupo Inepar em suposto desvio
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
A promotora Solange Vicentin,
do Ministério Público do Paraná,
requisitou no último dia 4 toda a
documentação contábil e os movimentos de caixa, do ano de 1998,
da empresa Inepar S/A Indústria e
Construções, do Grupo Inepar.
O grupo paranaense começou a
ser investigado depois de denúncia de participação em suposto esquema de desvios de verbas da
Prefeitura de Londrina (PR), que
levou ao pedido do afastamento
de Antônio Belinati (PFL). O Ministério Público estipulou um
prazo de 15 dias para receber os
documentos.
As investigações chegaram ao
Grupo Inepar depois que o publicitário Waurides Brevilheri Júnior, proprietário da empresa
Metrópole Comunicação, afirmou que forneceu nota fiscal fria
no valor de R$ 323 mil à Inepar.
Segundo Brevilheri, a nota teria
sido feita a pedido de Rubens Pavan, presidente da Sercomtel
(empresa municipal de telefonia),
para encobrir uma doação feita
pela Inepar à campanha da vice-governadora Emília Belinati, que
na época disputava vaga para
concorrer ao Senado em 1998.
Após uma composição entre o
governador Jaime Lerner (PFL) e
Álvaro Dias (PSDB), Emília perdeu a indicação para o Senado e
acabou disputando a reeleição como vice-governadora.
Cheques
A Agência Folha obteve documentos que mostram que a nota
fiscal da Metrópole foi emitida em
11 de março. No dia seguinte, um
DOC (Documento de Ordem de
Crédito), no valor de R$ 318,1 mil,
foi depositado pela Inepar na conta da empresa de Brevilheri.
Quatro cheques da Metrópole
foram então emitidos (no valor
total de R$ 280 mil). Três deles, totalizando R$ 210 mil, foram depositados na conta da Master Oyster
Presentes, de São Paulo, pertencente a Nielsen Cohn. Segundo
Brevilheri, Cohn é um doleiro.
O quarto cheque, no valor de R$
70 mil, foi depositado para a empresa Caluan Pavimentação e
Obras, do empresário Carlos Zaveirucha, tesoureiro pessoal do
prefeito Belinati e coordenador da
campanha de Emília e Lerner na
cidade de Londrina.
Suborno
Em entrevista à Agência Folha,
Brevilheri disse que a empresa
Engenho Propaganda e a TV Tropical (CNT), ambas de Londrina,
também haviam fornecido notas
frias à Inepar. O MP investiga a
participação das duas empresas.
Brevilheri disse que a Inepar
exigia dos políticos notas de empresas que comprovassem pagamento de impostos, "para a operação ser regularizada".
Segundo ele, além de auxiliar as
campanhas, o dinheiro serviria
para subornar vereadores de Londrina para que votassem projetos
de "interesse da empresa".
O publicitário declarou que o
dinheiro entregue pela Inepar aos
políticos de Londrina voltaria à
empresa após a venda, pelo município, das ações da Sercomtel.
O repasse da Inepar chegaria a
R$ 3,5 milhões. A maior parcela
desse dinheiro teria sido entregue
a 16 dos 21 vereadores para aprovarem a venda de ações da Sercomtel na Câmara Municipal.
O resto do dinheiro teria sido
destinado aos comitês de campanha da vice-governadora Emília
Belinati e seu filho, Antônio Carlos Belinati (PSB), que foi eleito
deputado estadual.
Notas frias
As notas frias (sem efetiva comprovação de serviços prestados)
começaram a ser emitidas em
março de 1998. Em abril, por 16
votos a 5, os vereadores aprovaram a venda de ações da empresa
municipal de telefonia.
Em maio daquele ano, 45% das
ações da Sercomtel foram vendidas à Copel (Companhia Paranaense de Energia Elétrica) por
R$ 186 milhões, montante repassado à Prefeitura de Londrina.
Desse total, a prefeitura gastou
R$ 70,9 milhões em pagamentos
ao Banestado (Banco do Estado
do Paraná), ao banco Fontecindam e à própria Sercomtel, referentes a dívidas do município
com a empresa. Esses pagamentos estão sob investigação.
(JM)
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