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PT X PT
Resultado da votação explicita racha entre "governistas" e "esquerdistas"
Por 32 a 22, bancada do PT formaliza apoio a reformas
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
A definição sobre uma declaração formal de apoio à reforma da
Previdência explicitou ontem,
mais uma vez, a divisão da bancada de deputados federais do PT
em relação ao tema: por 32 votos a
22, os governistas da legenda conseguiram aprovar a declaração,
mas fracassaram na tentativa
-combinada na noite anterior-
de colocar uma pedra no que classificam de ambiguidade da bancada em torno da proposta.
"Tiramos uma resolução de
apoio inequívoco à reforma. A
bancada do PT diz ao governo
que vai votar com o governo",
afirmou o deputado Nelson Pellegrino (BA), líder do partido na
Câmara. "As decisões podem até
ser tomadas. Não sei é quantos
vão respeitá-las", rebateu o deputado federal Walter Pinheiro
(BA), da esquerda do partido.
Toda a articulação em torno da
declaração começou na noite de
anteontem durante uma reunião
entre o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, o presidente nacional do PT, José Genoino, e os
cerca de 20 deputados que compõem a coordenação da bancada,
majoritariamente governista.
Genoino e vários outros pregaram a necessidade de o partido se
declarar formalmente favorável à
reforma da Previdência, sob a argumentação de que, devido aos
frequentes embates internos, a
população ficou com a impressão
de que o PT apresenta uma posição ambígua em relação ao tema.
"É preciso ficar claro para o país
que o PT apóia o governo", disse
Pellegrino ontem. Genoino reforçou argumentando que a "bancada do PT não pode passar a idéia
de que é ambígua em relação à reforma". O governo avalia que a
dubiedade no PT complica a tentativa de cobrar fidelidade dos outros partidos da base aliada e de
arregimentar votos na oposição.
Resistência
Na manhã de ontem, a bancada
do partido (que conta com 93 deputados) se reuniu. Logo no início
ficou claro que os cerca de 30 deputados mais à esquerda não
aceitariam aprovar a declaração
de apoio à reforma. "Temo que isso seja um enquadramento prévio", resumiu o deputado federal
Chico Alencar (RJ).
Contrários a vários pontos do
texto -que está em análise na comissão especial da Câmara dos
Deputados-, eles querem propor alterações significativas. Depois de tentativas de entendimento, com recurso inclusive a uma
reunião paralela à da bancada,
duas propostas de declaração foram colocadas em votação.
A dos governistas, que foi aprovada, diz que "a bancada do PT
aprova a reforma da Previdência,
apóia a Proposta de Emenda à
Constituição 40 [que é a própria
reforma] e encaminhará emendas
que considera necessárias ao
aperfeiçoamento do projeto".
A proposta da esquerda, derrotada, pregava que a bancada aprovava a reforma na "ótica da seguridade social", o que, para eles,
implica a realização de várias modificações no projeto de reforma.
Apesar de 22 dos 54 presentes se
declararem contrários, os governistas comemoraram. "Só quem
não conhece o PT diz que há racha. Mesmo que a diferença fosse
de um voto, a minoria teria de se
submeter à maioria", afirmou
Paulo Bernardo (PR). "Imposição
da minoria não existe no PT", reforçou o deputado Professor Luizinho (SP), vice-líder do governo.
Os esquerdistas afirmam que
podem recorrer da decisão ao Diretório Nacional do PT. A reunião
da bancada federal prosseguia até
o conclusão desta edição. Os governistas tentavam ainda aprovar
uma resolução impedindo a apresentação de emendas individuais
no PT, o que representaria outro
golpe na ala esquerdista.
Outra discussão era relativa às
emendas. O partido definiu que
vai negociar com o governo federal e com a base aliada a possibilidade de apresentar dez emendas à
reforma previdenciária.
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