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PREVIDÊNCIA
Pela 1ª vez, presidentes de tribunais e dirigentes de associações se juntam
Juízes se unem por regime de aposentadoria exclusivo
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Reunidos ontem na sede do STF
(Supremo Tribunal Federal), em
Brasília, representantes de todos
os segmentos do Judiciário decidiram fazer pressão sobre o governo para que, a exemplo dos
militares, seja criado um regime
previdenciário exclusivo dos juízes, o que os livraria dos efeitos da
reforma proposta para o setor.
Separados do restante do funcionalismo, eles esperam preservar a aposentadoria integral e a
paridade de reajuste entre ativos e
inativos -direitos que serão eliminados se aprovada sem mudanças a proposta de emenda
constitucional do governo.
Foi a primeira vez em que os
presidentes de todos os tribunais
do país, da União e dos Estados, e
dirigentes de associações da magistratura se encontraram para
definir uma posição institucional
em defesa dos próprios direitos.
Eles foram convocados pelo ministro Maurício Corrêa quando
ele assumiu presidência do STF,
no último dia 5.
No final da reunião de ontem,
que durou seis horas, Corrêa
comprometeu-se a levar as propostas ao ministro Ricardo Berzoini (Previdência).
O ministro disse que há três
pontos capitais: a aposentadoria
integral, a paridade de reajuste e a
limitação do salário dos desembargadores (topo da carreira da
Justiça estadual) a 90% da remuneração dos ministros do STF -a
emenda prevê 75%.
Corrêa foi aplaudido ao anunciar que não hesitará em fazer
pronunciamento em rede de rádio e televisão para defender as
idéias dos juízes.
Negou que a motivação seja de
interesse corporativo. O objetivo
seria impedir a fragilização da
carreira da magistratura, que,
sem atrativos salariais, deixaria de
interessar aos bons profissionais.
Participaram da reunião cerca
de 150 magistrados, divididos em
quatro grupos.
Conforme o desejo dos juízes, a
Previdência pública da magistratura seria criada por lei complementar, que o STF proporia ao
Congresso. A União e os Estados
criariam sistemas independentes.
"O regime que pretendemos é
esse que assegura aos magistrados o que sempre tivemos: o reconhecimento de uma carreira de
Estado", declarou Corrêa.
Ele convocou outra reunião, para 30 de julho, e conclamou todos
os tribunais a fornecerem dados
sobre números de ativos e inativos, percentual da contribuição
previdenciária e valores de aposentadorias. No próximo encontro, também será discutida a reforma do Judiciário.
Cisão
Os discursos da abertura do encontro revelaram uma cisão entre
a cúpula e a base do Judiciário.
Representando a base, os dirigentes das entidades de classe disseram que vão insistir na preservação de todos os direitos que poderão ser suprimidos pela reforma previdenciária.
Corrêa pediu aos magistrados
que cedam em alguns pontos.
"Como reconhecemos as dificuldades por que passa a economia
nacional, espero que os presidentes dos tribunais as tenham presentes nas suas avaliações, cedendo no que for possível."
Os presidentes do TST (Tribunal Superior do Trabalho), Francisco Fausto, e do STJ (Superior
Tribunal de Justiça), Nilson Naves, aliaram-se à base.
Os juízes federais e trabalhistas
recebem, em média, R$ 10 mil. Na
Justiça estadual, esse valor está estimado em R$ 8.000, mas muitos
desembargadores recebem mais
de R$ 25 mil, contra os R$ 17.170
pagos a ministros do Supremo.
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