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REFÉM DA BASE
Apesar de empenho do presidente, placar foi de 44 a 31 contra governo
Senado aprova o mínimo de R$ 275 e derrota Lula de novo
Sérgio Lima/Folha Imagem
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Oposição no Senado Federal comemora a aprovação de salário mínimo superior aos R$ 260 propostos pelo Palácio do Planalto |
RAQUEL ULHÔA
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar do empenho pessoal do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da pressão de ministros e governadores sobre os senadores, o
governo sofreu sua segunda grande derrota no Senado, com a
aprovação do destaque do PFL,
por 44 a 31, que eleva o salário mínimo para R$ 275. Lula havia fixado o mínimo em R$ 260, que passou a valer desde 1º de maio.
O Palácio do Planalto já havia
sofrido uma derrota significativa
na Casa com a derrubada, por 33 a
31 votos, da MP que proibia o funcionamento dos bingos.
Ontem foi aprovado o substitutivo do relator, César Borges
(PFL-BA), propondo mínimo de
R$ 275, caberá à Câmara manter
esse valor ou recompor os R$ 260
propostos pelo governo. Pelo regimento, cabe à Câmara a última
votação da matéria, já que ela foi
modificada no Senado.
Na hipótese de a Câmara aprovar os R$ 275, Lula deve vetar o
valor. Com isso, o valor do mínimo voltaria aos R$ 240 que vigoravam antes do aumento determinado pelo governo. A tendência, porém, é que nesse caso Lula
edite nova MP definindo novo valor para o mínimo. A votação na
Câmara está prevista para acontecer entre os dias 29 e 30. O presidente da Casa, João Paulo (PT-SP), já prometeu ao presidente
aprovar o valor de R$ 260, apesar
de os líderes da Câmara afirmarem que não será uma tarefa fácil.
A estratégia do governo de tentar esvaziar o plenário falhou. Os
únicos ausentes foram os pefelistas Paulo Octávio (DF), que justificou ser padrinho de um casamento na Holanda, e Maria do
Carmo (SE) -pressionada por
seu marido, o governador João
Alves, que a nomeou para uma secretaria no Estado. Como ela registrou presença antes de viajar,
às 19h30 o placar registrava a presença de 80 dos 81 senadores.
Apesar do quórum, 76 votaram.
"Será um choque positivo. O PT
e o governo terão de refletir. É um
momento de grandeza e de entendimento", afirmou o senador
Paulo Paim (PT-RS), que enfrentou o PT e manteve o compromisso de votar contra os R$ 260. Os
outros petistas que votaram contra foram Serys Slhessarenko
(MT) e Flávio Arns (PR).
Os senadores da base foram
pressionados durante a semana
para mudar de voto pelos ministros Antonio Palocci (Fazenda),
José Dirceu (Casa Civil) e Aldo
Rebelo (Coordenação Política).
"Não dá para ocultar uma coisa,
que cada vez é mais óbvia: o governo não tem maioria no Senado. Até agora, levamos no braço",
afirmou o líder do PMDB, Renan
Calheiros (AL). O peemedebista
não assumiu responsabilidade
pela derrota e chegou a culpar o
governador Zeca do PT (PT-MS)
pelo voto contra de Ramez Tebet
(MS), do PMDB. O líder do governo no Congresso, senador Fernando Bezerra (PTB-RN), previa
que a derrota da MP do mínimo
iria "mudar a relação do governo
com o Senado".
Na sessão de ontem, dos 22 senadores do PMDB, maior partido
da base aliada do governo, 5 votaram contra o governo e a favor
dos R$ 275. Quem não votou:
João Alberto (PMDB-MA), Duciomar Costa (PTB-PA), Maria do
Carmo (PFL-SE), Paulo Octávio
(PFL-DF) e José Sarney (PMDB-AP), que, como presidente da Casa, só vota em caso de empate.
O PL, partido do vice-presidente José Alencar, que também operou ativamente a favor da MP do
governo, teve dois senadores que
não seguiram o governo.
Segundo a Previdência, cada R$
10 a mais no mínimo eleva em R$
2,4 bilhões os gastos da pasta.
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