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GOVERNO
Presidente pede que relatório sobre diretor da PF fique pronto até a semana que vem; aliados prevêem queda
FHC dá prazo para decisão sobre Campelo
MARTA SALOMON
AUGUSTO GAZIR
da Sucursal de Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso fixou prazo até o início da semana que vem para decidir o destino do novo diretor-geral
da Polícia Federal, João Batista
Campelo, acusado de comandar
sessões de tortura nos anos 70.
Campelo não pediu demissão,
embora tenha dito a amigos que
não ficará no cargo sem o apoio do
governo para levar adiante os planos que traçou para a PF.
Mesmo sob o ataque de aliados
políticos do governo, inclusive do
PSDB, partido de FHC, e sem conseguir despachar com o seu chefe,
o ministro Renan Calheiros (Justiça), o diretor preferiu esperar por
uma decisão do presidente.
""Ele (Campelo) é disciplinado,
não é homem de recuar", disse o
deputado Elton Rohnelt (PFL-RR), amigo do delegado.
Rohnelt contou que Campelo está ""chateado" com os constrangimentos por que vem passando
desde que foi nomeado para a PF.
Segundo interlocutores de FHC,
o presidente ainda espera pela
conclusão das investigações que
encomendou ao chefe da Casa Militar, general Alberto Cardoso, para se decidir sobre o caso.
Depois do conturbado depoimento que prestou no Congresso,
Campelo reuniu-se no Palácio do
Planalto com o general, a quem
chamou de ""meu amigo". Cardoso
disse a ele que as investigações não
estão concluídas.
Embora a permanência de Campelo no cargo seja considerada
""uma questão de horas" por aliados políticos do Planalto, e sua nomeação seja classificada de ""insustentável", FHC insiste em não prejulgar o diretor da PF. As conclusões do general Cardoso serão o sinal verde para sua decisão.
FHC também leva em consideração a dificuldade para escolher um
novo diretor para a PF sem criar
novos conflitos com a base política
do governo.
O porta-voz da Presidência,
George Lamazière, disse ontem
que o presidente não havia acompanhado o depoimento do diretor
da PF na Câmara, nem tinha uma
opinião nova sobre o caso.
Mas o depoimento do ex-padre
José Antônio Monteiro, anteontem, acusando Campelo de participar de sessões de tortura, não convenceu interlocutores próximos
do presidente. A avaliação no Palácio do Planalto é que o presidente
estava diante da ""palavra de um
contra a do outro". Um aliado do
presidente disse que, na dúvida,
FHC decidirá contra Campelo.
Principal responsável pelas investigações oficiais sobre o passado do diretor-geral, o chefe da Casa Militar disse que continua esperando que ""alguém resolva provar" as acusações de tortura. "O
doutor Campelo continua negando as acusações", comentou, sobre
o depoimento de ontem.
"Bem", limitou-se a dizer o general quando foi questionado sobre o
andamento das investigações feitas pelo serviço de inteligência. O
general participou ontem no Planalto da cerimônia que abriu a Semana Nacional Antidrogas.
Campelo saiu do Planalto antes
da cerimônia, alegando que não
estava se sentindo bem.
O ministro da Justiça também
faltou à solenidade realizada no
Palácio do Planalto, que contou
com a presença de FHC.
A política de combate às drogas é
pivô de uma disputa de poder na
Esplanada entre a Casa Militar e a
Polícia Federal.
Anteontem, FHC decidiu que a
coordenação de um novo projeto
de repressão ao narcotráfico no
Polígono da Maconha ficará a cargo do general Alberto Cardoso.
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