São Paulo, Domingo, 18 de Julho de 1999
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Painel


Chicana baiana

FHC dará os incentivos para a Ford se instalar na Bahia. A saída para contornar restrições da OMC será a edição de uma MP prevendo incentivos para qualquer indústria que queira ir para a região, não só as do setor automotivo. Mas redigida para atender apenas à montadora.

Pisou no tomateiro

No governo, circula a versão de que a saída de Pio Borges do BNDES nada tem a ver com a reforma ministerial. FHC não teria gostado de ver o banco avalizar publicamente o projeto da Ford na BA, quando o assunto ainda era discutido.

Só diplomacia

É para consumo externo o apoio de empresários a Clóvis Carvalho no Ministério do Desenvolvimento. Reservadamente, duvidam de que ele deixará de fazer o jogo de Malan.

Destroço de guerra

Pimenta da Veiga (Comunicações) não saiu do Alvorada durante a articulação da reforma, mas foi o maior perdedor entre os tucanos. FHC quis apenas ser gentil quando disse que dividiria a coordenação política com Aloysio Nunes Ferreira.

Tucano por acaso

Aloysio Nunes Ferreira só entrou para o PSDB por medo de não se reeleger no ano passado. Em 94, quando o PMDB fez 15 deputados, ele já havia sido o último da lista. Em 98, como os cálculos anteciparam, só se elegeriam 5 peemedebistas.

Céu de brigadeiro

Desprestigiado por ter seu cargo oferecido ao PMDB, Bresser Pereira pediu o boné. Weffort (Cultura), que passou pela mesmo situação, não deu pio. Para não perder o avião da FAB, dizem más línguas.

Esperneio goiano

Ao saber que o PMDB de Goiás poderia ficar com a Ciência e Tecnologia, o governador Marconi Perillo fez uma ligação irada para o Planalto. Aos berros, disse que seria uma afronta seus adversários levarem algo melhor do que já tinham.

Ciranda de espertezas

Antônio Brito (PMDB-RS) foi o pai da idéia da fusão do Ministério das Comunicações com a Secretaria de Comunicação. Para ficar com ele, é claro. Pimenta da Veiga comprou a idéia pensando em si, mas Andrea Matarazzo, que outra vez morreu na praia (esperava ser ministro), acabou com a festa.

Dança das cadeiras

A aposta sexta à noite no Banco do Brasil era que Luiz Jorge, chefe de gabinete de Clóvis Carvalho na Casa Civil e funcionário do banco, seria nomeado para a presidência do BB -no caso de Andrea Calabi ser confirmado no BNDES.

Não seria o único

O deputado Barbosa Neto não ouviu os conselhos do pai, que sempre o mandou estudar, e perdeu um ministério. Indicado pelo PMDB de Goiás para a Ciência e Tecnologia, dançou quando o Planalto descobriu um detalhe: ele não tem curso superior completo.

Efeito colateral

No velório de Montoro, na sexta, empresários de São Paulo comemoravam o que consideram o único acerto, ainda que involuntário, de FHC na reforma ministerial: a indicação de Fernando Bezerra. Razão: abre espaço para um paulista, Moreira Ferreira, na rica CNI, tradicional feudo nordestino.

Inimigo reforçado

Os paulistas chegam divididos ao poder na CNI. Moreira Ferreira, ex-presidente da Fiesp, trava uma guerra de bastidores na federação com o atual, Horácio Piva.


Águas vão rolar

Antes do anúncio oficial da reforma ministerial já havia quem previsse uma nova polêmica que FHC terá que administrar dentro do governo. Fernando Bezerra (Integração) é grande defensor da transposição das águas do São Francisco -para horror de ACM.

TIROTEIO
De FHC, então candidato a senador na eleição de 1978, sobre a alta taxa de juros da época:
- O sistema foi montado para beneficiar só as grandes empresas e uma camada de especuladores. É uma máquina infernal de sugar dinheiro da maioria para dar aos prestamistas do Estado, cuja ação predatória se reflete na dívida pública, na dívida externa.
CONTRAPONTO
A História se repete

Muitos anos antes de Celso Lafer virar ministro do Desenvolvimento, Tancredo Neves lhe contou um episódio ocorrido no segundo governo Getúlio Vargas (51-54).
O presidente queria reformar seu gabinete e convocou Tancredo -que se tornaria ministro da Justiça- para sondar um velho amigo: Oswaldo Aranha.
O então deputado mineiro procurou o advogado e diplomata gaúcho. Começou puxando conversa sobre assuntos jurídicos, pois o interlocutor havia sido ministro da Justiça no primeiro governo de Vargas (30-45). Aranha calou-se.
Tancredo enveredou então pela política externa, lembrando o sucesso do ex-chanceler na Assembléia das Nações Unidas. Nada.
Finalmente, o futuro ministro perguntou sobre economia. Aranha não parou mais de falar.
Aí Tancredo interrompeu as reminiscências, olhou para Celso Lafer e concluiu:
- E foi assim que tiramos seu tio (Horácio Lafer) da Fazenda...


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