|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
JUDICIÁRIO
Presidente do STF aponta erros de documento divulgado pelo governo
Jobim contesta relatório sobre juízes
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pressionado pelos juízes, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Nelson Jobim, desqualificou o diagnóstico
do Judiciário divulgado anteontem pelo governo. Ele disse que o
documento contém vários equívocos e que, por isso, não será levado em conta e ainda sugeriu a
necessidade de correção de erros.
"Diante dos vários equívocos já
identificados no "Diagnósticos do
Poder Judiciário", não há condições de levá-lo em conta para análise e planejamento de nossas atividades, salvo oportuna correção
por seus autores", afirmou Jobim
a um grupo de juízes.
Esse foi o primeiro confronto de
Jobim com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
desde que ele assumiu a presidência do STF, em junho último.
Ontem, o Ministério da Justiça
divulgou um "diagnóstico" do Judiciário, um trabalho de 113 páginas feito pela Fundação Getúlio
Vargas a pedido do governo, que
vai servir também como argumento para o governo, que defende a reforma no Judiciário.
Os juízes criticam a metodologia usada pelo Ministério da Justiça. Um exemplo é a conclusão do
"diagnóstico" de que os juízes
brasileiros estão entre os que mais
ganham na comparação com os
de outros 29 países, a partir de dados do Banco Mundial, questionados por eles. Segundo o relatório, o salário no Brasil só é menor
que no Canadá.
Outro dado apurado é que o
Brasil ocupa o primeiro lugar no
ranking de repasses de recursos
públicos para o Poder Judiciário,
em uma relação de 35 países.
Segundo os magistrados, o relatório intitulado "Diagnósticos do
Poder Judiciário" é incompleto,
porque omitiu informações importantes como o volume de julgamentos dos juizados especiais
federais, o que teria conduzido a
conclusões equivocadas.
O Ministério da Justiça reconheceu ontem que, "em virtude
do ineditismo do trabalho realizado", os dados divulgados anteontem com o título de "Diagnóstico
do Poder Judiciário" "merecem
maior aprofundamento para que
se tornem mais precisos". Em nota divulgada no início da noite, a
Secretaria de Reforma do Judiciário afirmou que "as imprecisões
decorrem das imperfeições das
bases de dados consultadas (do
próprio Judiciário), o que pode
motivar o aperfeiçoamento dos
critérios metodológicos adotados". Anteontem, durante cerimônia de anúncio do documento,
Jobim elogiou a iniciativa.
(SF)
Texto Anterior: Previdência: Dividido, STF julga a cobrança dos inativos Próximo Texto: Jornalismo: Política e edição são temas de aula em cátedra Índice
|