São Paulo, quinta-feira, 18 de agosto de 2005

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Toninho depõe sobre offshore ligada ao Rural

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de afirmar a uma delegação da CPI dos Correios que fez operações para políticos do PT, o doleiro Antonio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona, vai prestar novo depoimento amanhã. Dessa vez, ao Ministério Público em Curitiba.
Dependendo do desempenho, os procuradores poderão acenar com proposta de acordo para redução de sua pena -de 25 anos, oito meses e 22 dias de prisão- caso colabore com o trabalho de Justiça: a delação premiada.
Segundo o procurador da República Vladimir Aras -integrante da força-tarefa que investiga operações de lavagem de dinheiro a partir do Banestado- seu depoimento foi requisitado à Justiça para que preste esclarecimentos sobre transações via Trade Link Bank, uma offshore ligada ao Banco Rural.
Aberto desde o ano passado, o inquérito sobre a offshore [empresa aberta no exterior sem necessidade de identificação do dono] ganha novo fôlego com a revelação do publicitário Duda Mendonça de que teve sua conta no exterior abastecida pela Trade Link Bank. Toninho da Barcelona, por sua vez, prometeu dar detalhes das operações à CPI.
Autor da denúncia contra o doleiro em Curitiba -onde foi condenado a nove anos- Aras afirma que há interesse em sua colaboração. Segundo Aras, seria importante que o doleiro traduzisse, por exemplo, arquivos apreendidos na sua casa de câmbio, a Barcelona Tour. Os beneficiários são identificados em código.
"É preciso saber se ele quer e tem como colaborar", ressalta Aras, lembrando que, no ano passado, Toninho da Barcelona rejeitou proposta de acordo. Hoje responsável pelo caso -em fase de recurso- o procurador Carlos Augusto da Silva Cazarré assistirá ao depoimento. "Consultarei a força-tarefa [que levou à prisão]. Vamos ver se as informações que têm a oferecer justificam um acordo", disse ele. Cazarré faz, no entanto, questão de frisar que a situação de Toninho é mais delicada, uma vez que foi condenado em três diferentes jurisdições. Em geral, a delação premiada é negociada antes da decisão judicial. Acusado de lavagem de dinheiro, o doleiro está preso desde o dia 16 de agosto do ano passado.

Interpol prende doleiro
Foragido desde abril, o doleiro Hélio Renato Laniado foi preso anteontem em Praga, capital da República Tcheca, pela Interpol. Denunciado por lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha, ele é acusado de remessa ilegal de US$ 1,2 bilhão para o exterior, de outubro de 1995 a junho de 2002.
Até agora, foram bloqueados US$ 3,6 milhões em duas de suas contas nos Estados Unidos.
O procurador Aras elaborou ontem o pedido de extradição de Laniado.
O doleiro ia para a Holanda, num vôo da KLM, e foi preso quando fazia escala em Praga. Seu provável destino era Lisboa. Segundo Aras, ele poderá contribuir para as investigações da CPI dos Correios sobre movimentação ilegal de dinheiro no exterior.


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