São Paulo, sábado, 18 de agosto de 2007

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Fundadores da Renascer são condenados à prisão nos EUA

Sentença, que não permite recurso, determina 140 dias de reclusão para líderes de igreja

Estevam e Sônia Hernandes cumprirão ainda 5 meses de prisão domiciliar e 2 anos de liberdade condicional por não declararem dinheiro

DENYSE GODOY
ENVIADA ESPECIAL A MIAMI

Os fundadores da Igreja Apostólica Renascer em Cristo, apóstolo Estevam Hernandes Filho, 53, e sua mulher, bispa Sônia Hernandes, 48, foram condenados pela Justiça americana a 140 dias de reclusão, mais cinco meses de prisão domiciliar e dois anos de liberdade condicional pelos crimes de conspiração para contrabando de dinheiro e contrabando de dinheiro. Além disso, cada um foi multado em US$ 30 mil.
Em junho, eles fizeram acordo com a promotoria e se declararam culpados, renunciando ao direito de ir a júri popular e de recorrer do veredicto.
Estevam deve se entregar na segunda-feira até o meio-dia. Cumprirá a pena de reclusão no presídio FCI (Instituto Correcional Federal), no centro de Miami, ao lado do tribunal onde foi anunciada a sentença pelo juiz Federico Moreno.
"Poderia ter sido bem pior", disse Moreno aos réus quando eles começaram a chorar após a sentença. A pena prevista para cada um dos crimes é de cinco anos de prisão e multa de até US$ 250 mil. O acordo costurado entre promotoria e defesa era de dez a 16 meses de prisão -ou seja, o casal foi condenado à mínima pena possível.
Para que sua família não fique "desamparada", o juiz permitiu que Estevam e Sônia cumpram a reclusão alternadamente. Entrou em vigor ontem a prisão domiciliar da bispa, que não pode deixar sua residência, em um condomínio de luxo em Boca Ratón (Flórida). Em 21 de janeiro de 2008, duas semanas após o apóstolo seguir para casa, é a vez de Sônia rumar para uma penitenciária. O período de condicional, durante o qual eles não podem sair dos EUA sem autorização da Justiça, começou a contar ontem. Após a reclusão e a prisão domiciliar, restarão 14 meses de liberdade supervisionada.
"O que fizeram é algo que não se espera de pessoas religiosas. Fico pensando se lhes deveria ser dada uma sentença mais severa por conta disso", disse Moreno durante a fase de comentários da defesa e da acusação.
O fato de os dois esconderem que portavam US$ 56.467 quando viajavam de São Paulo a Miami, em janeiro, era importante, segundo o juiz. "Como não há nenhuma condenação contra eles no Brasil, vou assumir que a origem do dinheiro é lícita. Esse é um assunto para as autoridades brasileiras conduzirem", disse Moreno.
Moreno descontou do tempo de reclusão -inicialmente, cinco meses- os dez dias em que os dois ficaram presos logo após serem pegos em flagrante na alfândega, onde deveriam ter informado que carregavam mais de US$ 10 mil em espécie. Mas não acatou a solicitação da defesa de descontar também esses sete meses nos quais, enquanto aguardavam o julgamento, ficaram sob liberdade condicional. "Não me diga que ficar no conforto da sua casa, rodeado dos familiares, é a mesma coisa que cumprir pena no presídio", disse o juiz.
Antes da sentença, o casal pediu "misericórdia" diversas vezes. "Tenho um profundo arrependimento na minha vida. Mas o senhor, como Deus, pode perdoar", clamou Sônia ao juiz aos prantos. "Queremos continuar a nossa missão de abençoar vidas", afirmou Estevam. Após a sentença, nem o casal nem seus advogados falaram.


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