São Paulo, sábado, 18 de agosto de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

João Doria Jr. critica dom Odilo e diz que não havia "5.000 empresários" na praça

DA REPORTAGEM LOCAL

O empresário João Doria Jr fez uma série de desabafo ao final da manifestação do "Cansei". Um dos líderes do grupo, ele rebateu as críticas de elitismo e golpismo dirigidas contra o movimento, reclamou do arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, que se opôs à realização do ato de dentro da Catedral da Sé, e pediu tolerância ao presidente Lula.
"O movimento atende aos anseios de diferentes segmentos da população brasileira", disse Doria. "Não tinha 5.000 empresários na Sé. Nem 5.000 habitantes do Jardim Europa [bairro de classe alta de São Paulo]. Nem 5.000 pessoas de determinado segmento da população. Você tinha trabalhadores, estudantes, jovens, descaracteriza por completo que é um movimento elitista."
Ele também disse conhecer "o peso da bota dos militares" e afirmou ser "um democrata, filho de um deputado cassado pelo golpe de 1964."
O empresário declarou que as intenções do movimento tornam incompreensível a oposição de dom Odilo à realização do ato dentro da catedral.
Ele negou que a realização do protesto contra a corrupção, a carga tributária e em memória das vítimas do acidente aéreo na Sé tenha sido uma tentativa de vincular o "Cansei" à campanha das "Diretas Já", realizada em 1984, quando a população se reuniu na praça da Sé, reivindicou eleições livres para a Presidência da República e ajudou a colocar fim à ditadura.
"Quem nos levou para a praça foi o arcebispo de São Paulo, porque ele proibiu o ato dentro da catedral", disse Doria. "Nunca tive notícia, no pior momento da ditadura no Brasil, de você proibir um culto ecumênico dentro de uma igreja, quanto mais na Catedral da Sé. Se o arcebispo viu conotação política no "Cansei", viu errado", complementou o empresário.
Ontem, d. Odilo respondeu a Doria. "O "Cansei" tem claramente um cunho cívico-político, não tem um cunho religioso, por isso o lugar para uma manifestação como essa não é a igreja, que é um espaço religioso, mas a praça. A ação não foi organizada pela igreja."
Sobre as críticas indiretas do presidente Lula ao movimento, Doria respondeu: "Bom presidente é aquele que é tolerante".
O empresário disse ser contra vaias e os gritos de "Fora, Lula" ao final do ato, mas afirmou que as pessoas têm o direito de se manifestar e o presidente tem o dever de ouvir. Ao ser questionado se o presidente é intolerante, Doria respondeu: "Em certos momentos, quando ele não tolera uma vaia, quando não tolera uma manifestação. O presidente precisa saber ouvir as vaias, sim." (LB)


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Mudança em texto do Celam foi pequena, diz arcebispo de SP
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.