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João Doria Jr. critica dom Odilo e diz que não havia "5.000 empresários" na praça
DA REPORTAGEM LOCAL
O empresário João Doria Jr
fez uma série de desabafo ao final da manifestação do "Cansei". Um dos líderes do grupo,
ele rebateu as críticas de elitismo e golpismo dirigidas contra
o movimento, reclamou do arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, que se opôs à realização do ato de dentro da Catedral da Sé, e pediu tolerância ao
presidente Lula.
"O movimento atende aos
anseios de diferentes segmentos da população brasileira",
disse Doria. "Não tinha 5.000
empresários na Sé. Nem 5.000
habitantes do Jardim Europa
[bairro de classe alta de São
Paulo]. Nem 5.000 pessoas de
determinado segmento da população. Você tinha trabalhadores, estudantes, jovens, descaracteriza por completo que é
um movimento elitista."
Ele também disse conhecer
"o peso da bota dos militares" e
afirmou ser "um democrata, filho de um deputado cassado
pelo golpe de 1964."
O empresário declarou que
as intenções do movimento
tornam incompreensível a oposição de dom Odilo à realização
do ato dentro da catedral.
Ele negou que a realização do
protesto contra a corrupção, a
carga tributária e em memória
das vítimas do acidente aéreo
na Sé tenha sido uma tentativa
de vincular o "Cansei" à campanha das "Diretas Já", realizada
em 1984, quando a população
se reuniu na praça da Sé, reivindicou eleições livres para a Presidência da República e ajudou
a colocar fim à ditadura.
"Quem nos levou para a praça foi o arcebispo de São Paulo,
porque ele proibiu o ato dentro
da catedral", disse Doria. "Nunca tive notícia, no pior momento da ditadura no Brasil, de você
proibir um culto ecumênico
dentro de uma igreja, quanto
mais na Catedral da Sé. Se o arcebispo viu conotação política
no "Cansei", viu errado", complementou o empresário.
Ontem, d. Odilo respondeu a
Doria. "O "Cansei" tem claramente um cunho cívico-político, não tem um cunho religioso,
por isso o lugar para uma manifestação como essa não é a igreja, que é um espaço religioso,
mas a praça. A ação não foi organizada pela igreja."
Sobre as críticas indiretas do
presidente Lula ao movimento,
Doria respondeu: "Bom presidente é aquele que é tolerante".
O empresário disse ser contra vaias e os gritos de "Fora,
Lula" ao final do ato, mas afirmou que as pessoas têm o direito de se manifestar e o presidente tem o dever de ouvir. Ao
ser questionado se o presidente
é intolerante, Doria respondeu:
"Em certos momentos, quando
ele não tolera uma vaia, quando
não tolera uma manifestação.
O presidente precisa saber ouvir as vaias, sim."
(LB)
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