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Relatório da PF implica
senador com a Sudam
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Corregedoria do Senado encaminhará nesta semana ao Conselho de Ética da Casa relatório da
Polícia Federal (PF) que aponta o
senador Jader Barbalho (PMDB-PA) e o deputado José Priante
(PMDB-PA) como beneficiários
de recursos desviados da extinta
Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).
O volume encaminhado à corregedoria inclui documentos, cópias de cheques, bilhetes e depoimentos de empresários que tiveram projetos financiados. Eles dizem ter sido pressionados a doar
dinheiro para a campanha de Jader ao governo do Pará, em 1998.
"Se o processo por quebra de
decoro [contra Jader] for aprovado, vamos pedir que esse caso da
Sudam também seja investigado
pelo conselho", afirmou o senador Jefferson Péres (PDT-AM).
As investigações da PF revelaram uma estreita ligação entre o
diretório municipal do PMDB de
Altamira e a autarquia, extinta depois que se tornou um canal de
desvio de recursos públicos, cujas
fraudes investigadas já somam
mais de R$ 1,5 bilhão.
Em duas reuniões, ambas coordenadas pelo deputado Priante,
empresários de Altamira teriam
sido pressionados a entrar com
R$ 20 mil para cada projeto que tivessem conseguido financiar com
dinheiro da Sudam. O dinheiro
seria destinado à campanha municipal, que elegeu o prefeito Domingos Juvenil (PMDB), aliado
político de Jader.
Entre as operações de busca e
apreensão de documentos empreendidas pela PF, a realizada no
escritório do agiota Regivaldo Pereira Galvão levou à identificação
de cheques -vários deles de empresários de Altamira- e notas
promissórias que somam mais de
R$ 9 milhões. Parte desses valores
seria utilizada ou em doações de
campanha ou para depósitos de
contrapartida que levam à liberação de recursos da Sudam.
O empresário Danny Gutzeit,
em depoimento do 28 de agosto,
afirma que a consultora Maria
Auxiliadora da Barra, que vivia de
apresentar projetos fraudulentos
à Sudam, recebia 10% do dinheiro
que conseguia liberar. E detalha:
"Maria Auxiliadora ficava com
aproximadamente um por cento
do dinheiro, e o restante se destinava ao senador Jader Barbalho".
Assinado pelo delegado Helbio
Leite, o relatório da PF faz uma
ressalva: "Contra os mesmos [Jader e Priante] pesam somente as
provas indiciárias, não havendo
até o momento provas documentais suficientemente robustas para incriminá-los e ensejar a instauração de um inquérito específico para apurar possível ocorrência de organização criminosa".
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