São Paulo, terça-feira, 18 de setembro de 2001

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Relatório da PF implica senador com a Sudam

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Corregedoria do Senado encaminhará nesta semana ao Conselho de Ética da Casa relatório da Polícia Federal (PF) que aponta o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) e o deputado José Priante (PMDB-PA) como beneficiários de recursos desviados da extinta Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).
O volume encaminhado à corregedoria inclui documentos, cópias de cheques, bilhetes e depoimentos de empresários que tiveram projetos financiados. Eles dizem ter sido pressionados a doar dinheiro para a campanha de Jader ao governo do Pará, em 1998.
"Se o processo por quebra de decoro [contra Jader] for aprovado, vamos pedir que esse caso da Sudam também seja investigado pelo conselho", afirmou o senador Jefferson Péres (PDT-AM).
As investigações da PF revelaram uma estreita ligação entre o diretório municipal do PMDB de Altamira e a autarquia, extinta depois que se tornou um canal de desvio de recursos públicos, cujas fraudes investigadas já somam mais de R$ 1,5 bilhão.
Em duas reuniões, ambas coordenadas pelo deputado Priante, empresários de Altamira teriam sido pressionados a entrar com R$ 20 mil para cada projeto que tivessem conseguido financiar com dinheiro da Sudam. O dinheiro seria destinado à campanha municipal, que elegeu o prefeito Domingos Juvenil (PMDB), aliado político de Jader.
Entre as operações de busca e apreensão de documentos empreendidas pela PF, a realizada no escritório do agiota Regivaldo Pereira Galvão levou à identificação de cheques -vários deles de empresários de Altamira- e notas promissórias que somam mais de R$ 9 milhões. Parte desses valores seria utilizada ou em doações de campanha ou para depósitos de contrapartida que levam à liberação de recursos da Sudam.
O empresário Danny Gutzeit, em depoimento do 28 de agosto, afirma que a consultora Maria Auxiliadora da Barra, que vivia de apresentar projetos fraudulentos à Sudam, recebia 10% do dinheiro que conseguia liberar. E detalha: "Maria Auxiliadora ficava com aproximadamente um por cento do dinheiro, e o restante se destinava ao senador Jader Barbalho".
Assinado pelo delegado Helbio Leite, o relatório da PF faz uma ressalva: "Contra os mesmos [Jader e Priante] pesam somente as provas indiciárias, não havendo até o momento provas documentais suficientemente robustas para incriminá-los e ensejar a instauração de um inquérito específico para apurar possível ocorrência de organização criminosa".


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