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INTEGRAÇÃO
Em consulta popular, 96% querem fim de negociações com os EUA
Plebiscito contabiliza cerca de 10 milhões contra a Alca
LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Quase 100% das 10,1 milhões de
pessoas que votaram no plebiscito nacional da Alca (Área de Livre
Comércio das Américas) condenaram a participação do Brasil no
bloco econômico liderado pelos
EUA. A grande maioria quer que
o governo, inclusive, abandone as
negociações da Alca.
O resultado foi divulgado ontem pelos organizadores do plebiscito -CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), sindicatos de trabalhadores, entidades do movimento social e de estudantes, MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra)
e partidos políticos. Eles querem
convencer o Congresso a aprovar
a realização de consulta popular
ou oficializar o plebiscito.
Num ato de cerca de 400 manifestantes, os organizadores usaram as palavras "neocolonialismo", "recolonização" e "imperialismo" para condenar a adesão.
O plebiscito foi realizado entre
os dias 1º e 7 deste mês em 3.894
municípios. Participaram da votação 10.149.542 pessoas -o
equivalente a 8,8% do eleitorado
brasileiro e a 5,9% da população.
"O importante é que milhares
de brasileiros tomaram conhecimento da Alca, que as elites tentavam esconder", disse o líder dos
sem-terra João Pedro Stedile, da
organização do plebiscito.
Desse total, segundo os organizadores, 98,33% disseram que o
governo não deve assinar o acordo da Alca e 95,94%, que o país
não deve mais nem participar das
negociações do bloco econômico.
Os votantes também se manifestaram contra o acordo dos governos de Brasil e EUA que permite o
uso da Base de Alcântara (MA)
por militares norte-americanos.
98,59% são contra o acordo.
Embora ainda faltem ser apuradas algumas urnas, o resultado foi
entregue ao primeiro-secretário
da Câmara, Severino Cavalcanti
(PPB-PE). "Estou solidário com o
movimento", disse o deputado.
Protocolo
Uma cópia do resultado e do
manifesto -que prega a soberania nacional- foi protocolada no
Senado, porque o presidente da
Casa, senador Ramez Tebet
(PMDB-MS), não recebeu os organizadores do plebiscito.
À tarde, estiveram no Planalto,
mas o encontro que teriam com o
ministro Euclides Scalco (Secretaria Geral) foi cancelado. O presidenciável José Maria de Almeida
(PSTU) disse que o Fernando
Henrique Cardoso desrespeita as
entidades que representam o povo. "Esta é uma comissão representando 10 milhões de pessoas.
Se fosse um funcionário do FMI
de quinto escalão estariam aqui o
presidente e todo seu staff."
O subsecretário-geral José Reinaldo pediu desculpas. A assessoria de imprensa da Presidência
não se manifestou sobre o caso.
Colaborou LEILA SUWWAN, da Sucursal
de Brasília
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