São Paulo, sábado, 18 de setembro de 2004

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Prefeita volta a rejeitar Maluf e diz que vitória de Serra provocará crise

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), voltou a relacionar ontem uma eventual vitória do tucano José Serra com uma "radicalização imediata" do PSDB contra o governo federal e disse que o adversário Paulo Maluf (PP) não irá subir em seu palanque em um segundo turno -como havia declarado ontem.
A primeira afirmação, batizada de "crise política" ou "discurso do medo", já havia sido feita há dez dias. Contrariado, o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva descartou a possibilidade de uma crise no país causada por uma vitória do PSDB.
"Eu concordo com o Lula", disse Marta. "Mas ninguém aqui é bobo. No dia seguinte [se Serra ganhar] começa o terceiro turno da eleição presidencial. Será ele, o [governador Geraldo] Alckmin e o resto do PSDB contra o governo Lula. Isso é evidente. Não sei por que vocês fazem uma tempestade em copo d'água."
A declaração de Marta foi relacionada à estratégia do PSDB contra Lula na campanha de 2002, quando os tucanos diziam que uma vitória do petista faria o Brasil "virar uma Argentina", país que enfrentava a pior crise econômica de sua história.
"Eu não falei em medo. É uma reflexão que parece óbvia", disse Marta. O "óbvio" para a prefeita é que Serra foi o adversário de Lula em 2002 e que, se vencer a eleição, irá "desencadear uma radicalização imediata" contra o governo federal.
Ao afirmar que Maluf não sobe em seu palanque num eventual segundo turno, Marta fez seu segundo recuo.
Na última quarta-feira, durante sabatina da Folha, a prefeita afirmou: "Maluf no meu palanque, não". Um dia depois, após o mal-estar causado no PP, Marta disse que "todo mundo" subiria em seu palanque. Ela incluiu Maluf, Orestes Quércia e Ciro Moura.
Ontem, na sabatina promovida pelo "Diário de S.Paulo", a prefeita mudou o tom e disse ter sido mal compreendida. "Quando você está na "quentura" do debate, às vezes, pode se expressar de uma forma... Ou você acha que eu vou pôr o Ciro Moura no meu palanque? As coisas têm limite. Acho que coloquei muito claro. Maluf não sobe no meu palanque."
Após um pacto firmado entre o PT federal e o PP, Maluf tem preservado a petista em suas críticas -mesmo quando é atacado por ela. O alvo do ex-prefeito tem sido o adversário tucano José Serra -pelo acordo, Maluf seria beneficiado dentro dos limites legais na CPI do Banestado, que investiga a evasão de divisas.
"O PP, o PFL e o PSDB não sobem no meu palanque. Eu quero os votos dos eleitores deles. Não mudo nada do que já falei dele [Maluf]", afirmou. Questionada se Maluf "ainda era um nefasto" -declaração feita por ela na campanha de 2000, Marta respondeu: "Evidente. Eu não retiro uma palavra do que falei".
Para um eventual segundo turno, Marta disse esperar o apoio político da candidata Luiza Erundina (PSB) e do PMDB.
À tarde, Marta fez corpo-a-corpo com moradores dos bairros Parque São Lucas, Vila Alpina, Vila Zelina e Vila Prudente, na zona leste de São Paulo.


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