|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Prefeita volta a rejeitar Maluf e diz que vitória de Serra provocará crise
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A prefeita de São Paulo, Marta
Suplicy (PT), voltou a relacionar
ontem uma eventual vitória do
tucano José Serra com uma "radicalização imediata" do PSDB contra o governo federal e disse que o
adversário Paulo Maluf (PP) não
irá subir em seu palanque em um
segundo turno -como havia declarado ontem.
A primeira afirmação, batizada
de "crise política" ou "discurso do
medo", já havia sido feita há dez
dias. Contrariado, o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva
descartou a possibilidade de uma
crise no país causada por uma vitória do PSDB.
"Eu concordo com o Lula", disse Marta. "Mas ninguém aqui é
bobo. No dia seguinte [se Serra
ganhar] começa o terceiro turno
da eleição presidencial. Será ele, o
[governador Geraldo] Alckmin e
o resto do PSDB contra o governo
Lula. Isso é evidente. Não sei por
que vocês fazem uma tempestade
em copo d'água."
A declaração de Marta foi relacionada à estratégia do PSDB contra Lula na campanha de 2002,
quando os tucanos diziam que
uma vitória do petista faria o Brasil "virar uma Argentina", país
que enfrentava a pior crise econômica de sua história.
"Eu não falei em medo. É uma
reflexão que parece óbvia", disse
Marta. O "óbvio" para a prefeita é
que Serra foi o adversário de Lula
em 2002 e que, se vencer a eleição,
irá "desencadear uma radicalização imediata" contra o governo
federal.
Ao afirmar que Maluf não sobe
em seu palanque num eventual
segundo turno, Marta fez seu segundo recuo.
Na última quarta-feira, durante
sabatina da Folha, a prefeita afirmou: "Maluf no meu palanque,
não". Um dia depois, após o mal-estar causado no PP, Marta disse
que "todo mundo" subiria em seu
palanque. Ela incluiu Maluf, Orestes Quércia e Ciro Moura.
Ontem, na sabatina promovida
pelo "Diário de S.Paulo", a prefeita mudou o tom e disse ter sido
mal compreendida. "Quando você está na "quentura" do debate, às
vezes, pode se expressar de uma
forma... Ou você acha que eu vou
pôr o Ciro Moura no meu palanque? As coisas têm limite. Acho
que coloquei muito claro. Maluf
não sobe no meu palanque."
Após um pacto firmado entre o
PT federal e o PP, Maluf tem preservado a petista em suas críticas
-mesmo quando é atacado por
ela. O alvo do ex-prefeito tem sido
o adversário tucano José Serra
-pelo acordo, Maluf seria beneficiado dentro dos limites legais
na CPI do Banestado, que investiga a evasão de divisas.
"O PP, o PFL e o PSDB não sobem no meu palanque. Eu quero
os votos dos eleitores deles. Não
mudo nada do que já falei dele
[Maluf]", afirmou. Questionada
se Maluf "ainda era um nefasto"
-declaração feita por ela na campanha de 2000, Marta respondeu:
"Evidente. Eu não retiro uma palavra do que falei".
Para um eventual segundo turno, Marta disse esperar o apoio
político da candidata Luiza Erundina (PSB) e do PMDB.
À tarde, Marta fez corpo-a-corpo com moradores dos bairros
Parque São Lucas, Vila Alpina,
Vila Zelina e Vila Prudente, na zona leste de São Paulo.
Texto Anterior: Prestadores de serviços vão a evento Próximo Texto: Vai-e-vem Índice
|