São Paulo, sexta, 18 de setembro de 1998

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PRIVATIZAÇÃO
A EDP, de Portugal, e a CPFL arremataram a distribuidora
Sem disputa, Bandeirante é vendida pelo preço mínimo


CLÁUDIA TREVISAN
da Reportagem Local

A distribuidora de energia Bandeirante, que integrava a Eletropaulo, foi vendida ontem pelo preço mínimo (R$ 1,014 bilhão) para o consórcio formado pela portuguesa EDP e a CPFL, o único a participar do leilão da empresa.
A ausência de disputa foi determinante para que a estatal fosse privatizada pelo preço mínimo.
A EDP (Eletricidade de Portugal) participa com 56% do consórcio vencedor. Os 44% restantes são da CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz), distribuidora de energia privatizada em 97 e controlada pelo grupo VBC (Votorantim, Bradesco e Camargo Corrêa).
A EDP é a maior empresa de eletricidade de Portugal e ainda é controlada pelo Estado, que tem 50,1% de seu capital votante.
Apesar da venda pelo preço mínimo, o governador em exercício de São Paulo, Geraldo Alckmin, considerou a privatização um "sucesso". Ele lembrou que o Estado já havia tentado vender a Bandeirante em abril, mas não apareceram compradores.
De qualquer forma, até a véspera do leilão, o governo acreditava que três grupos disputariam a companhia: EDP e CPFL, separadamente, e a Enron (EUA).
O secretário de Energia, Mário Arce, disse que foi informado anteontem pela manhã de que a Enron havia desistido do negócio.
Controle
O Estado vendeu ontem 74,88% das ações ordinárias da empresa -que têm direito a voto e definem o controle da companhia. Esse percentual representa 29,80% do capital total da Bandeirante.
Outros 22,56% de ações ordinárias serão oferecidos aos empregados. Haverá desconto de 50% em um lote de 12,56% das ações ordinárias. Outros 10% serão vendidos sem redução de preço.
Os novos donos da Bandeirante terão de pagar R$ 1,014 bilhão no dia 25 de setembro.
A EDP vai usar recursos próprios e buscar financiamento externo de cerca de US$ 300 milhões. A empresa dispensou o empréstimo oferecido pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) de até 50% do valor de venda da Bandeirante.
O financiamento do BNDES, porém, será utilizado pela CPFL, em percentual ainda não definido. A empresa vai usar ainda dinheiro que tem em caixa ou realizar uma operação de captação de recursos.
Tanto a EDP quanto a CPFL vão comprar títulos da CPA (Companhia Paulista de Ativos) para pagar 30% do preço da Bandeirante.
Esses papéis foram leiloados em abril pelo Estado em troca do abatimento de parte de sua dívida com empreiteiras e fornecedores de serviços. Desde então, vêm sendo negociados com desconto.
O diretor-presidente da CPFL, Ronald Jean Degen, acredita que o desconto na compra de títulos da CPA poderá ser grande pelo fato de a Bandeirante ser a última privatização no atual governo.
O presidente da CPA, Adroaldo Moura da Silva, acredita que os títulos poderão ser comprados por cerca de 85% de seu valor de face.



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