São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 2002

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Pastoral denuncia ameaças a sem-terra no Pará

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

A CPT (Comissão Pastoral da Terra) e a Fetagri (Federação dos Trabalhadores em Agricultura), em Marabá (PA), denunciaram ontem à Ouvidoria Agrária Nacional ameaças de morte por parte de pelo menos 12 pistoleiros em dois assentamentos no município de Piçarra, no sul do Pará.
A Pastoral da Terra registrou sete assassinatos de sem-terra neste ano no Pará até este mês.
No ano passado, foram oito mortos. Só neste ano 30 trabalhadores rurais receberam ameaças de morte no Estado, segundo a entidade.
As causas mais frequentes registradas nos conflitos estão ligadas à luta pela posse da terra e a exploração ilegal de madeira.
Desta vez, as ameaças de pistoleiros ocorrem nos assentamentos Djalma Castro e Francisco Nunes Teixeira, onde parte dos trabalhadores rurais não podem mais dormir em suas casas e as crianças não vão mais à escola.
Pelo menos 355 famílias estão assentadas nas áreas, na divisa com a fazenda Castanhal.
"Os pistoleiros provocaram um clima de terror e medo nos assentamentos. Alguns trabalhadores rurais já fugiram da área e outros estão dormindo no meio do mato", disse o coordenador da CPT em Marabá, João Batista Afonso.
A CPT também pediu intervenção da Polícia Federal e do Ministério Público Federal para acabar com as ameaças de morte.
No dia 19 de setembro, quatro trabalhadores saíram feridos, dois em estado grave, em uma emboscada na área. Para a CPT, os pistoleiros trabalham na fazenda Castanhal, de um grupo de empresários e fazendeiros. Nem mesmo a Pastoral da Terra sabe quem são os proprietários das fazenda.
Autoridades estaduais alegam que as investigações sobre o conflito estão em andamento.
Os assentados relataram à CPT que, no último final de semana, uma equipe de policiais civis esteve nos assentamentos, em companhia dos pistoleiros e realizaram blitz em diversos barracos.
Segundo a Pastoral, os policiais teriam ameaçado os trabalhadores e, sem apresentar mandado judicial, teriam levado presos os assentados Otacílio Rodrigues de Jesus e Pedro Ferreira Filho, que só apareceram dois dias depois.
Os dois deixaram o assentamento no último final de semana com medo das ameaças.
A Polícia Civil abriu inquérito para investigar as ameaças e nega o envolvimento com o grupo de pistoleiros.



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