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Pastoral denuncia ameaças a sem-terra no Pará
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
A CPT (Comissão Pastoral da
Terra) e a Fetagri (Federação dos
Trabalhadores em Agricultura),
em Marabá (PA), denunciaram
ontem à Ouvidoria Agrária Nacional ameaças de morte por parte de pelo menos 12 pistoleiros em
dois assentamentos no município
de Piçarra, no sul do Pará.
A Pastoral da Terra registrou sete assassinatos de sem-terra neste
ano no Pará até este mês.
No ano passado, foram oito
mortos. Só neste ano 30 trabalhadores rurais receberam ameaças
de morte no Estado, segundo a
entidade.
As causas mais frequentes registradas nos conflitos estão ligadas
à luta pela posse da terra e a exploração ilegal de madeira.
Desta vez, as ameaças de pistoleiros ocorrem nos assentamentos Djalma Castro e Francisco
Nunes Teixeira, onde parte dos
trabalhadores rurais não podem
mais dormir em suas casas e as
crianças não vão mais à escola.
Pelo menos 355 famílias estão
assentadas nas áreas, na divisa
com a fazenda Castanhal.
"Os pistoleiros provocaram um
clima de terror e medo nos assentamentos. Alguns trabalhadores
rurais já fugiram da área e outros
estão dormindo no meio do mato", disse o coordenador da CPT
em Marabá, João Batista Afonso.
A CPT também pediu intervenção da Polícia Federal e do Ministério Público Federal para acabar
com as ameaças de morte.
No dia 19 de setembro, quatro
trabalhadores saíram feridos, dois
em estado grave, em uma emboscada na área. Para a CPT, os pistoleiros trabalham na fazenda Castanhal, de um grupo de empresários e fazendeiros. Nem mesmo a
Pastoral da Terra sabe quem são
os proprietários das fazenda.
Autoridades estaduais alegam
que as investigações sobre o conflito estão em andamento.
Os assentados relataram à CPT
que, no último final de semana,
uma equipe de policiais civis esteve nos assentamentos, em companhia dos pistoleiros e realizaram blitz em diversos barracos.
Segundo a Pastoral, os policiais
teriam ameaçado os trabalhadores e, sem apresentar mandado
judicial, teriam levado presos os
assentados Otacílio Rodrigues de
Jesus e Pedro Ferreira Filho, que
só apareceram dois dias depois.
Os dois deixaram o assentamento no último final de semana
com medo das ameaças.
A Polícia Civil abriu inquérito
para investigar as ameaças e nega
o envolvimento com o grupo de
pistoleiros.
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