MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA

O presidente Fernando Henrique Cardoso concedeu ontem uma entrevista "exclusiva" em Brasília ao apresentador Gugu Liberato, do SBT e um dos principais âncoras do programa eleitoral de José Serra. Ela será usada na propaganda do candidato.
A informação foi confirmada pela assessoria de Gugu. A peça publicitária deve ir ao ar no fim de semana e marca a volta do presidente à campanha na televisão.
No primeiro turno, FHC participou de apenas dois programas de Serra-o primeiro e o último. Era consenso na equipe de marketing do candidato que ele não deveria "colar" sua imagem à do presidente para evitar desgaste.
De acordo com pesquisas internas da campanha tucana, mais de 90% das pessoas desejam mudanças em relação ao governo FHC. Mesmo entre os que aprovam o governo do presidente o sentimento é predominante.
De acordo com o Datafolha, 36% dos eleitores dizem que não votariam no candidato apoiador por FHC, contra 13% que passariam a apoiá-lo.
A Folha apurou que, do ponto de vista estritamente eleitoral, de conquista direta de votos, a entrevista "exclusiva" de Gugu teria pouco efeito: os eleitores que poderiam ser influenciados pela fala do presidente já definiram seu voto a favor de Serra.
Ainda assim, o comando da campanha avaliou que a reaparição eleitoral do presidente, que desde a semana passada se dispôs a atender também a pedidos de entrevistas de órgãos de imprensa, teria dois efeitos positivos: criaria fatos de repercussão e mostraria a lideranças políticas que FHC está empenhado na eleição do candidato.
Na entrevista a Gugu, FHC faz um balanço dos programas sociais de seu governo, creditando muitas das realizações a Serra.

Domingo
A campanha do PSDB promete para domingo um pronunciamento de José Serra. Deve ser uma fala conceitual, sem denúncias ou ataques pessoais, mas de posicionamento do tucano em relação ao que ele considera estar em jogo na disputa.
A manifestação de Serra será no horário eleitoral gratuito. O domingo foi escolhido por ser considerado na campanha uma data importante - uma semana antes do segundo turno da eleição.
Serra deve manter a linha usada na campanha, segundo a qual o eleitor estará entre a escolha de uma transição segura, que seria representada por ele, e a de um futuro incerto, que na ótica tucana é representado por Luiz Inácio Lula da Silva, do PT.