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Para aprovar CPMF, governo propõe criar faixa de isenção
Líderes da base aliada falam em livrar do tributo quem movimenta até R$ 1.200 mensais
Alternativas negociadas no Senado têm como meta conseguir votos de tucanos
para prorrogar a cobrança da contribuição até 2011
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo começou a negociar um cardápio de concessões
para tentar aprovar a prorrogação da CPMF no Senado, onde
não tem maioria segura. Entre
as alternativas discutidas, ganhou força, entre os senadores
governistas, uma proposta de
isentar do tributo contribuintes com renda e movimentação
bancária mensal até R$ 1.200.
Há pelo menos três frentes
de negociação. A mais importante é a destinada a atrair pelo
menos parte dos votos do PSDB
e isolar o DEM na oposição sistemática à cobrança da CPMF
até 2011. Para isso, a idéia principal ainda é a de fixar, por medida provisória, um cronograma de redução gradual da alíquota da contribuição provisória, hoje de 0,38%.
Também estão abertas discussões para algum tipo de benefício aos governadores, que
não terão atendida a reivindicação retórica da partilha dos
recursos da CPMF com os Estados. Ainda que nunca tenha
sido levado a sério na prática, o
pleito serviu de ponto de partida para outro entendimento,
que pode passar, pelas verbas
do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Por fim, a isenção da CPMF
-proposta pelo senador Valdir
Raupp (PMDB-RO) para renda
até R$ 1.200- foi defendida pelo partido, que conta com o líder do governo, Romero Jucá
(RR), e outras referências da
base aliada ao Planalto, como
Aloizio Mercadante (PT-SP) e
Francisco Dornelles (PP-RJ).
Numa evidência de como a
proposta é incipiente, o valor
de R$ 1.700 chegou a ser apresentado porque os senadores
julgavam que se tratava da faixa
de isenção do Imposto de Renda das pessoas físicas. Mas o teto para isenção do IR é de R$
1.313,69 hoje e deve subir para
R$ 1.372,81 no próximo ano.
Embora o governo tenha
mandado ao Senado o presidente interino José Alencar e
três ministros, nenhum acordo
foi fechado ontem e nem sequer alguma proposta ganhou a
chancela oficial. "É uma negociação de 60 dias", disse Mercadante. A intenção é concluir a
votação da emenda constitucional até 20 de dezembro, 11
dias antes do prazo de validade
do tributo pela legislação atual.
Nesse cenário, o momento
não é propício para aceitar ou
descartar propostas em definitivo, o que aumentaria tensões
e os pleitos de aliados e oposicionistas. Diante do entusiasmo dos peemedebistas com sua
proposta para a CPMF, o governo tratou a idéia com boa vontade, mas sem compromisso.
"Foi proposto pelo Raupp,
Dornelles, Mercadante, o próprio Alencar achou a idéia interessante. Porque você tira milhões de contribuintes que juntos representam menos de 5%,
do total da [arrecadação da]
contribuição, menos de 2,5%",
disse o ministro Walfrido dos
Mares Guia (Relações Institucionais), citando um cálculo
preliminar segundo o qual a
medida reduziria a arrecadação
em menos de R$ 1 bilhão anual,
pouco diante dos R$ 40 bilhões
gerados pela CPMF.
Os governistas, porém, evitaram divulgar a avaliação da Receita sobre a proposta, num sinal de que a área técnica não
acha a idéia tão interessante assim. "Vamos discutir qual é o
impacto", disse Jucá.
Para o fisco, a grande vantagem da CPMF sempre foi a de
ser um tributo de cobrança
simples e fácil de fiscalizar.
Mesmo que venha a ser descartada mais à frente, a proposta pode ajudar a unir a instável
base governista no Senado. Outras opções estão sendo discutidas, como reduzir a contribuição previdenciária dos empregadores e a tributação sobre
máquinas e equipamentos.
(GUSTAVO PATU, SILVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER)
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