São Paulo, quinta-feira, 18 de outubro de 2007

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D. Odilo é nomeado cardeal pelo papa

Arcebispo de São Paulo poderá votar e ser votado na sucessão de Bento 16 e é o mais jovem cardeal nomeado pelo pontífice

Religioso foi alçado à elite do catolicismo em 7 meses; seu antecessor, d. Cláudio Hummes, esperou quase 3 anos para se tornar cardeal

Danilo Verpa/Folha Imagem
O arcebispo de SP, d. Odilo Scherer, 58, o mais jovem dentre os 38 cardeais nomeados pelo papa


LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL

O arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer, foi nomeado cardeal por Bento 16 e passa a ser uma das 120 pessoas que podem votar e ser votadas na sucessão do atual papa. A depender da conjuntura, até como candidato a papa.
Porque, aos 58 anos, vive rápida ascensão dentro da igreja.
D. Cláudio Hummes, antecessor de d. Odilo, foi nomeado arcebispo em 1998, mas só virou cardeal em 2001. Já d. Odilo, que se tornou arcebispo em março, foi alçado à elite do catolicismo em sete meses.
Dentre os 38 cardeais nomeados no pontificado de Bento 16, o brasileiro é o mais jovem. Ele também é o que mais rapidamente passou de arcebispo a cardeal entre os 23 religiosos que ganharam o título ontem e receberão a honraria em novembro, no Vaticano.
Outra marca: ele é o brasileiro que mais jovem se tornou cardeal nos últimos 30 anos. Na história, o recorde ainda pertence a dois arcebispos do Rio: d. Sebastião Leme da Silveira Cintra e d. Eugênio Sales, ambos cardeais aos 48 anos.
Para o sociólogo Francisco Borba, coordenador do Núcleo de Fé e Cultura da PUC-SP, d. Odilo tem o rosto deste papado.
"Ambos não usam a igreja como instrumento político, mas sabem que têm a responsabilidade de propor soluções para os problemas da sociedade."
As posições de d. Odilo durante o período em que foi secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), entre 2003 e 2007, mostram a intensidade da sintonia com o papa. Ele pregou contra o aborto e pesquisas com células-tronco embrionárias, contra a ordenação de mulheres e de homens casados.
Ele também reafirmou o compromisso da igreja com os pobres, linha que vem sendo traçada por Bento 16. A primeira missa dele como arcebispo foi entre moradores de rua.
Também contou a favor de d. Odilo: fez doutorado em Roma, trabalhou no Vaticano antes de virar bispo e organizou a visita do papa ao Brasil, em maio. Também não é ligado à teologia da libertação, corrente que vê a igreja a serviço da transformação social, malvista pela Santa Sé, mas que foi bastante popular entre os bispos do Brasil.
Ontem, d. Odilo que recebeu a nomeação "com alegria e serenidade". Sobre a velocidade em que ascendeu ao cargo, atribuiu às circunstâncias. "D. Cláudio foi para Roma e o papa precisava de um anfitrião durante sua visita a São Paulo."
Quando receber o cargo, em Roma, ganhará o anel próprio dos cardeais e o barrete, um pequeno chapéu quadrangular usado apenas pelos colaboradores mais próximos do sumo pontífice. Ele continua arcebispo de SP, mas deve viajar mais a Roma para ser consultado sobre os problemas da igreja.
Com d.Odilo, o Brasil ganha o 18º cardeal da sua história. Hoje, além do arcebispo de SP, têm direito a voto em uma eleição papal d. Cláudio (ministro do papa no Vaticano), d. Geraldo Majella (arcebispo de Salvador) e d. Eusébio Scheid (arcebispo do Rio). Todos têm menos de 80 anos, idade máxima para participar do conclave.
Normalmente, todo arcebispo de SP, assim como o do Rio e o de Salvador, se torna cardeal.


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