São Paulo, quinta-feira, 18 de novembro de 2004

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Assembléia do Rio investiga dois deputados

TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Dois deputados estaduais do Rio serão investigados pela Assembléia Legislativa acusados de participar da "máfia dos combustíveis". Alessandro Calazans (PV) pediu R$ 200 mil, segundo a deputada Cidinha Campos, a um empresário que queria licença ambiental para abrir um posto de gasolina.
O deputado estadual Domingos Brazão (PMDB) comprou três postos de gasolina depois de nomear como assessor Renan Macedo Leite, preso na semana passada na operação Poeira do Asfalto. Na operação da PF foram presas 44 pessoas acusadas de participação no esquema que adultera notas fiscais, sonega impostos e concede irregularmente licenças ambientais para postos.
O relatório com a cópia da fita gravada por Cidinha de conversa com o empresário em seu gabinete e documentos que comprovariam as informações foram entregues ontem à Assembléia Legislativa do Rio, que estabeleceu prazo de duas semanas para que a comissão formada para investigar o caso dê seu parecer, que pode ir do arquivamento à cassação.
No depoimento, o empresário, cujo nome não foi revelado, diz que, quando precisou tirar uma licença ambiental na Feema (Fundação Estadual de Engenharia de Meio Ambiente) para um posto de combustíveis, um amigo o levou ao gabinete de Calazans. Segundo seu depoimento, o deputado pediu R$ 200 mil.
O empresário, que é dono de um depósito de combustíveis, declarou ainda que Brazão tinha participações em postos de gasolina desde 1998, que não estavam em seu nome. Ele disse que sabia da participação de Brazão porque, nessa época, um policial civil o teria procurado para alugar o depósito. No local, aconteceriam as adulterações de combustíveis. Esse policial seria sócio de Brazão.
A deputada afirmou que o empresário decidiu depor sobre o esquema porque, após cobrar uma dívida de aluguel do depósito, que chegaria a R$ 1 milhão, sofreu dois atentados.
"No segundo, em 23 de setembro, ele levou três tiros; e o filho, de 23 anos, levou um no braço e chegou a perder parte do osso. Depois que atingiram o filho dele, bastou", disse Cidinha Campos.
O deputado Calazans negou as acusações relatadas por Cidinha e as classificou de leviandade. Brazão disse que vai processar a parlamentar.

Loterj
Calazans já é investigado pela Alerj por ter, segundo a revista "Veja", tentado extorquir dinheiro do empresário do jogo Carlos Augusto Ramos. O deputado foi presidente da CPI da Loterj e teria pedido dinheiro para tirar o nome de Cachoeira do relatório final da CPI.
A revista apontou também a suposta participação do deputado federal André Luiz (PMDB) no esquema. Afastado ontem pelo partido, ele teria pedido R$ 4 milhões ao empresário e beneficiado com dinheiro de donos de postos de gasolina para sua campanha.


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