São Paulo, sábado, 18 de novembro de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

Ônus e bônus

O que mais confundiu petistas e peemedebistas em suas respectivas reuniões com Lula nesta semana foi a impressão de que o presidente quer "inverter o ônus" na formação do ministério. Antes mesmo de ouvir as pretensões dos aliados, ele estaria avaliando o grau de comprometimento de cada um -e de seus comandados- com o futuro governo.
Ontem, Lula disse a Renan Calheiros e José Sarney que, antes de compor a nova equipe, pretende definir os líderes e presidentes das legendas com quem vai negociar. Como tais acertos se dão em fevereiro e março, há o temor, reforçado pela declaração de Tarso Genro, de que o ministério fique mesmo para depois.

Inspiração. Ao reclamar da reunião dos governadores do PMDB idealizada por Luiz Henrique e esvaziada pelos governistas, Lula citou ninguém menos que Cesar Maia. Leu declaração do pefelista afirmando que política de chefes de Executivos estaduais é coisa "do passado".

Memória. Foi o próprio Lula o partidário dessa política ao reunir representantes dos 27 Estados para se juntarem a ele na entrega das reformas, em 2003. Ontem, o presidente recebeu dois governadores da oposição.

Ilha de Caras. Roberto Requião desembarcou ontem em Florianópolis (SC) para a esvaziada reunião dos governadores do PMDB acompanhado de um secretário, um procurador e uma equipe da TV Educativa do Paraná, a fim de que todos seus passos no Costão do Santinho Resort fossem registrados.

Mais um. O porta-voz André Singer colocou o cargo à disposição em conversa com Lula. No Palácio do Planalto, porém, a iniciativa foi considerada apenas uma formalidade, já que a permanência do jornalista no governo é considerada provável.

A caminho. Presidente nacional do PDT, Carlos Lupi recebeu uma ligação do Planalto convidando-o para uma reunião com Lula na semana que vem. "É só oferecer um cargo que metade da bancada adere ao governo", comenta um dirigente da sigla.

Calma lá. Do prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, pedindo moderação no apetite dos colegas na composição do novo governo do presidente: "Ninguém imagina que o PT vá colocar uma faca no pescoço de Lula. Ele foi reeleito com uma votação histórica e consagradora".

Tudo de novo. Ganha adeptos no PT a antecipação das eleições internas do partido, marcadas originalmente para 2008. A proposta, que será levada ao encontro do Diretório Nacional da sigla no final do mês, é escolher uma nova direção por meio dos votos dos filiados no segundo semestre do ano que vem.

Tô fora. Candidato dos sonhos do governador de São Paulo, Claudio Lembo, à presidência do PFL, Guilherme Afif Domingos diz que apoiará um deputado na sucessão de Jorge Bornhausen.

Gesto. Com maioria para antecipar a convenção nacional do partido, os rebeldes do PP do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Rio esperam que o presidente licenciado da legenda, o mensaleiro cassado Pedro Corrêa (PE), renuncie ao cargo.

Mão-de-obra 1. Yeda Crusius se queixou a um aliado da falta de quadros do PSDB gaúcho para a composição de seu governo.

Mão-de-obra 2. Na terça, a governadora eleita estará em Minas Gerais para uma reunião com Aécio Neves e seu vice e ex-secretário do Planejamento, Antônio Anastasia. Yeda pretende conhecer o projeto de redução de cargos do primeiro escalão adotado pelo colega tucano a fim de reproduzi-lo em seu Estado.

Tiroteio

"O prefeito Kassab resolveu o problema de ser desconhecido. Esse aumento escorchante da tarifa fará os 3 milhões de paulistanos que usam ônibus lembrarem dele todo santo dia".
Do vereador ANTONIO DONATO (PT) sobre a passagem de ônibus em São Paulo ter sofrido reajuste superior ao dobro da inflação no período.

Contraponto

Lotação

Em 2002, Luiz Henrique (PMDB) fazia campanha ao governo de Santa Catarina com o correligionário Casildo Maldaner e Leonel Pavan (PSDB), candidato ao Senado. Após evento em Uburici, a comitiva se dividiu em três carros e partiu para Bom Retiro. Na chegada, surpresa:
-O Luiz Henrique não veio junto?-, perguntou Pavan.
-Ele não estava no seu carro?-, retrucou Maldaner.
Com a platéia inquieta, o tucano tomou o microfone:
-Calma, gente! Enquanto falamos aqui, o homem está por aí, conhecendo os problemas das nossas estradas!
Luiz Henrique só chegou no fim do comício, depois de pegar carona num carro onde já estavam sete pessoas.


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