Escolha-surpresa
Ao final de quatro anos de resistências e estudos para implantação do Ministério da Defesa, os militares foram surpreendidos com a escolha do ex-senador Elcio Alvares (PFL-ES) para a pasta. É considerado um estranho no ninho: por não ter conhecimento dos assuntos da Defesa Nacional e nem sequer ter prestado serviço militar
Emprego e prêmio
Os militares se ressentem do fato de Alvares ter sido o escolhido justo no momento em que ele era um político "desempregado" (perdeu a reeleição ao Senado pelo PFL do ES). Na interpretação deles, FHC usou a pasta para empregar um político e premiar o seu ex-líder
Político
Os militares não esperavam também que a implantação do ministério ficasse a cargo de um político. Elcio foi obrigado a se desfiliar do PFL
Reação na posse
Em 10 de junho passado, na posse de Alvares, os comandantes das Forças mostraram como iriam tratar o ministro da Defesa. "Vamos embora que a festa é do senador (Alvares)", disse o brigadeiro Walter Bräuer, quando as autoridades faziam fila para os cumprimentos. Nenhum comandante de Força cumprimentou Alvares
Drogas e Forças Armadas
Na primeira conversa com jornalistas, o ministro Alvares falou em usar as Forças Armadas no combate ao narcotráfico. Irritados, os militares responderam que as atribuições deles no assunto já estavam definidas (inteligência e logística) e não havia nada a acrescentar
Riocentro
Com a reabertura do caso Riocentro (atentado a bomba, em abril de 81, cometido por militares), Alvares não contemporizou: disse, em várias entrevistas, que os militares tinha de respeitar as decisões do Judiciário
Sucatão
Fernando Henrique Cardoso avisou o ministro da Defesa que não usaria mais o Sucatão (Boeing 707) nas viagens internacionais da Presidência da República. O avião pertence e é mantido pela Aeronáutica, mas Alvares não avisou o comandante da Força, Walter Bräuer. Na quinta, ele afirmou desconhecer a decisão do governo


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