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GOVERNO
Depois de ter sigilos quebrados, braço direito de ministro sai e afirma que vai se defender na Justiça
Assessora de Alvares pede demissão
da Sucursal de Brasília
A assessora especial do ministro Elcio Alvares (Defesa), Solange Rezende Antunes, entregou ontem, no início da noite, seu pedido de demissão. Ela disse à Folha que vai permanecer em Brasília para se defender, na Justiça.
O ministro da Defesa considerou uma "arbitrariedade" a decisão da CPI do Narcotráfico de
quebrar os sigilos bancário, fiscal
e telefônico de Solange. Alvares
disse à Folha que vai readmiti-la
caso seja provada sua inocência.
"Tenho muita estima por ela,
me ajudou muito na vida, mas o
homem público tem de tomar
certas posições. Quando a gente
está do lado da verdade, tudo acaba bem", disse Alvares.
A CPI quebrou os sigilos da assessora para investigar a suspeita
de que ela teria defendido pessoas
ligadas ao crime organizado no
Espírito Santo.
Solange disse que vai entrar
com mandado de segurança no
STF (Supremo Tribunal Federal)
contra a decisão da CPI, mas pretende pedir ao Judiciário que quebre os seus sigilos -foro adequado, na sua opinião.
"Eu sou pobre, humilde e mulher, que nem sempre é aceita por
determinados setores. Mas sou
uma guerreira em prol da minha
dignidade", afirmou Solange.
"Quero que a investigação da
Justiça seja rápida e urgente. É minha honra que está em jogo e não
posso esperar que a CPI retorne
do recesso. Para resgatar minha
credibilidade e limpar essa lama
que espalharam, quero que a Justiça abra o sigilo da minha vida."
A assessora disse que tem a
consciência "absolutamente tranquila" e que quer provar na Justiça que não tem nenhum envolvimento com o crime organizado.
Ela chegou ontem à tarde de viagem a Vitória, onde foi buscar documentos para sua defesa.
"Não ter culpa é a melhor arma
para enfrentar essa situação. Estamos sendo vilipendiados."
O irmão de Solange, o advogado
Dório Antunes, também envolvido nas denúncias da CPI, entrou
ontem com mandado de segurança no STF contra a quebra do seu
sigilo pela CPI.
Amigos de Elcio Alvares estão
certos de que é ele -e não Solange- o alvo dos ataques. "Se for eu
o alvo, estão perdendo o tempo.
Meu objetivo é trabalhar em favor
do país", afirmou à Folha.
Elcio e Solange trabalham juntos e são amigos há mais de 20
anos. No Espírito Santo, foram
sócios de um escritório de advocacia. No Senado, quando Elcio
era líder do governo, ela era seu
braço direito, além de ajudá-lo
também a resolver problemas
pessoais e familiares.
Para os aliados de Elcio, seus adversários políticos do Estado estão por trás dessas denúncias.
Mas há, entre as próprias Forças
Armadas, um foco de resistência
a ele, encabeçado pelo ex-comandante da Aeronáutica, Walter
Bräuer, que sempre teve atitudes
de enfrentamento ao ministro.
Um dos atos que mais irritaram
Alvares envolveu um contrato assinado por Bräuer em 1º de novembro com a empresa Mitri, por
intermédio da ONU (Organização das Nações Unidas), para elaboração de um estudo de nova regulamentação do espaço aéreo
brasileiro.
Bräuer foi a Washington e Nova
York assinar o contrato, no valor
de US$ 3,5 milhões, sem dar conhecimento ao ministro, que ficou sabendo pela imprensa.
A Aeronáutica resiste à criação
de uma agência para cuidar da
aviação civil, cujo controle, por
enquanto, está sob sua responsabilidade. A intenção do Planalto é
nomear um civil ou um militar reformado para comandar a agência. A Aeronáutica quer um militar da ativa.
(RAQUEL ULHÔA)
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